Um e-mail errado pode ter sido o motivo da soltura equivocada de um dos líderes da maior milícia que atua no Rio de Janeiro. Mesmo com o pedido de conversão de prisão temporária em preventiva, Peterson Luiz de Almeida, conhecido como Pet, saiu do presídio de Benfica, Zona Norte da capital fluminense, pela porta da frente.
A conversão da prisão havia sido solicitada pelo Ministério Público na última quinta-feira (26), um dia antes do vencimento da prisão temporária do suspeito. O pedido foi acatado pelo Tribunal de Justiça e, com a decisão, Pet deveria continuar preso, enquanto aguardava o julgamento em regime fechado.
Apesar da decisão judicial, o criminoso saiu da cadeia na tarde deste domingo (29). A soltura foi autorizada pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que alegou, em nota, não ter sido notificada por meios oficiais sobre a decisão e que chegou a enviar um e-mail alertando a Justiça sobre o término da prisão temporária do acusado.
A Seap disse, ainda, que, na noite desta segunda-feira (30), a Justiça informou ao órgão que o comunicado teria sido enviado para um endereço de e-mail que está desativado há cinco anos. Veja a nota na íntegra:
“A Seap informa que, ao contrário do que foi noticiado, a secretaria não foi notificada por meios oficiais a respeito da conversão da prisão do citado de temporária para preventiva, estando de posse de documentos que comprovam essa afirmação, incluindo um nada consta emitido pela Polícia Civil no último dia 29 de outubro e consulta à tela do BNMP/CNJ - a qual segue, até as 21h desta segunda-feira (30/10), sem sinalizar a citada decisão -, o que comprova que no momento da soltura não havia registro do pedido de conversão na Central de Mandados.
A Seap acrescenta que, ao identificar a iminência do término do prazo da prisão temporária do citado, enviou pelo endereço de e-mail de uso regular entre os órgãos, no dia 25 de setembro, um alerta à justiça sobre a situação, no qual sinalizava sobre a importância de uma decisão de conversão para prisão preventiva do custodiado, tendo em vista o seu histórico e a relação com o grupo responsável pelos episódios recentes de violência na cidade.
Na noite desta segunda-feira (30/10), a Justiça informou à Seap que o comunicado citado teria sido enviado para um endereço de e-mail que está desativado há cinco anos, apesar de a SEAP ter estabelecido, desde então, comunicação com a 1a Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa da Capital pelo uso de outros endereços de e-mail oficiais.”
Relembre o caso
Peterson, estava preso desde 30 de agosto pelos crimes de milícia privada e comércio ilegal de arma de fogo. Segundo a polícia, ele tem ligação com os ataques aos ônibus ocorridos recentemente na Zona Oeste do Rio, que terminaram com 35 coletivos incendiados. Peterson também é apontado como comparsa do criminoso Luís Antônio da Silva Briga, o Zinho, miliciano mais procurado pelas autoridades de segurança do estado. Foi de Zinho que partiu a ordem de incendiar os ônibus, em retaliação à morte de outro miliciano, primo do criminoso.