A falta quanto o sexo pode afetar a mente e o corpo, além de causar sintomas de sofrimento psicológico. É isso o que diz a fundadora e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Faculdade de Medicina da USP, Carmita Abdo.
Segundo a pesquisadora, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, a ausência da atividade pode acontecer por diferentes motivos. Uma parcela da população não se engaja no ato sexual por desbalanços hormonais, como a falta de hormônios sexuais e da tireoide, ou porque estão, por exemplo, acometidos por diabete ou pela depressão.
Em outros casos, as pessoas podem ter dificuldades em encontrar parceiros ou mesmo podem ter um parceiro fixo, contudo, em uma relação extremamente conturbada, em que o encontro sexual não seja confortável.
É nesses casos, segundo a especialista, que a ausência da prática pode ter consequências, pois essas são situações em que o sexo é importante para o indivíduo, mas, por diferentes motivos, não acontece.
Isso, de acordo com Abdo, é diferente do caso das pessoas que se consideram assexuais. “Existe uma quarta categoria, além de heterossexual, homo e bi, que é a dos assexuais. São pessoas desinteressadas ou pouco interessadas em sexo”, explica. “Quando não há desconforto ou sofrimento, não é um problema ou algo a ser corrigido. Essas pessoas não vão ter problemas físicos ou emocionais.”
Nesses casos, a libido é direcionada para outras “atividades”: uma missão, projeto, trabalho que lhes interesse muito.
A pesquisadora afirma que a falta de sexo afeta mais as pessoas jovens, para quem a média ideal da prática seria de mais de uma vez por semana. Em comparação, uma pessoa idosa pode fazer sexo uma vez a cada dez ou quinze dias sem que isso seja um problema, uma demanda.
Sintomas
Como o sexo envolve a liberação de uma série de substâncias que são positivas para o corpo, essa ausência é sentida a níveis emocionais e biológicos. Os principais sintomas, segundo a especialista, são um estado de irritabilidade e de um quadro depressivo, além da queda de imunidade.
“O sexo traz benefícios se for satisfatório para ambos os lados”, como ressalta Carmita Abdo. Ela explica que há tratamento para a falta de desejo, ejaculação precoce ou dor durante as relações, se esses forem os motivos para desconforto no momento da relação.
Efeitos da pandemia
A pandemia também acabou por tornar as relações sexuais mais difíceis: “A falta de oportunidade na pandemia levou muita gente a iniciar uma atividade virtual”, complementa Abdo, ao mencionar que a dinâmica da atividade sexual vai se modificando ao longo do tempo.
Além disso, o cuidado com determinadas regiões do corpo, com secreções e com as recomendações de distanciamento durante a pandemia impactaram a forma como as pessoas interagiam.
Com informações do Jornal da USP