O paulista Marcelo Podgaetz, de 53 anos, judeu, gerente de vendas internacionais, pai de quatro filhos, desde 1999 decidiu morar em Tel Aviv, capital financeira de Israel. O país enfrenta um dos piores ataques desde a criação do estado em 1948. Marcelo conversou com a Itatiaia sobre o ataque do grupo Hamas, de que forma as informações chegaram até a população, como está a segurança dos moradores de Tel Aviv e a situação dos três filhos que fazem parte do exercito de Israel.
Marcelo conta que foi acordado com uma sirene de guerra às 6h15 de sábado (7). Neste dia, ele e a família tinham o compromisso de ir a Sinagoga, como era de costume. “Existem alguns tipos de sirene em Israel, uma delas é a sirene de guerra. Eu fui acordado com ela às 6h15. Eu estava na minha casa, em Tel Aviv, com toda minha família. Foi assim que eu fiquei sabendo do ataque”, afirma.
A partir desse primeiro momento, Marcelo diz que as informações sobre os ataques não pararam de chegar. “Os dois principais canais de televisão pararam completamente a programação e começaram a transmitir notícias 24 horas por dia. Fora isso as informações também chegam pela internet, rádio e aplicativos”, revela.
Defesa Civil recomenda que população de Israel se abrigue em bunkes quando sirenes tocarem
O brasileiro comenta que, por enquanto, é proibido ir até os 22 locais atacados pelo Hamas, todos localizados próximos à Faixa de Gaza. Segundo Marcelo, esses locais estão sob o domínio do exército israelense.
Em Tel Aviv, a orientação é outra. A Defesa Civil pede apenas para que os moradores se refugiem em bunkers caso ouçam as sirenes de guerra. “Para cada cidade que está distante de Gaza existe um tempo para se abrigar [em um local seguro]. Tem cidades que o tempo é 15 segundos, outras um minuto. Aqui em Tel Aviv são dois minutos”, explica.
Marcelo ainda conta que até agora não há nenhuma recomendação para estocar comida. Segundo ele, todos os serviços básicos, como fornecimento de água luz e internet funcionam normalmente em Tel Aviv.
“Não conheço nenhum pai que viraria as costas para um filho. Fico aqui até o último dia”
Mesmo sem perder nenhum familiar no conflito, Marcelo conta que soube da morte de vários conhecidos. “Perdi muitos conhecidos. No meu bairro, por exemplo, a gente tem soldados e pessoas que estavam na festa invadida por terroristas no sábado de manhã. Foram 290 jovens assassinados com uma metralhadora a sangue frio. Três deles moravam no meu bairro”, conta o gerente de vendas.
Sobre uma possível vinda para o Brasil, Marcelo diz que conversou com vários brasileiros e que todos afirmam que não querem voltar. “Em 1999 eu tomei a decisão de morar aqui porque eu sou judeu. Eu também tenho quatro filhos, três deles estão no exército. Eu não conheço nenhum pai que viraria as costas para um filho. Aqui o exército não é facultativo. Jamais sairia de Israel. Fico aqui até o último dia da minha vida”, conclui.