O Brasil registrou a primeira queda na publicação de artigos científicos desde 1996 e alcançou, no ano passado, o mesmo patamar que a Ucrânia, que está em guerra. A redução foi de 7,4% em 2022, em comparação ao ano anterior, e este é o pior índice entre os 51 países analisados.
Os dados foram analisados pela Agência Bori, serviço que conecta a imprensa e a ciência brasileira, e pela Elsevier, uma editora de publicações científicas. Segundo o levantamento, outros 22 países também tiveram queda na produção científica, entre eles Estados Unidos, Inglaterra e França.
Entretanto, os estudiosos se surpreenderam com a queda drástica de produção científica brasileira, que nunca havia registrado redução desde 1996, quando a Elsevier foi criada. Além disso, esta foi a maior queda entre todos os países analisados, se igualando apenas à Ucrânia, que esteve em guerra durante todo o ano.
Segundo Estêvão Gamba, cientometrista da Agência Bori, o Brasil já estava registrando uma desaceleração no volume de textos científicos publicados, mas nunca tinha tido uma contração comparada ao ano anterior. Ou seja, todo ano aumentava o número de produções científicas, mesmo que pouco.
Entre as principais hipóteses que explicam esta queda drástica, está a falta de financiamento público na ciência brasileira nos últimos anos. Além disso, assim como no Brasil, outros países sofreram impactos na produção científica devido pela Covid-19.
Gamba explica que, mesmo com aumento no investimento em pesquisas, a redução de publicações deve continuar nos próximos anos. Isso porque, segundo ele, a realização de uma pesquisa é muito demorada. Ele ressalta, inclusive, que a queda de 2022 seria reflexo da diminuição de pesquisas realizadas entre 2019 e 2020.
Ao contrário do Brasil, globalmente a produção de artigos científicos cresceu, com um aumento de 6,1% em 2022 em comparação ao ano anterior. Os principais produtores de pesquisa são a China, os Estados Unidos e a Índia. O Brasil ocupa a 14ª posição, a mesma que já tinha em 2021.