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Mulher é condenada por atacar terreiro de candomblé

TJPB manteve pena de um ano de reclusão e multa, que devem ser convertidos em pena alternativa

Terreiro realiza celebrações de candomblé há dez anos em João Pessoa

Uma mulher foi condenada por crime de injúria qualificada por preconceito religioso contra o terreiro de candomblé Ile Àsé Omi Karéléwa, que fica em João Pessoa (PB), no bairro Castelo Branco.

Ela foi condenada a 1 ano de reclusão e 10 dias-multa, pena que foi mantida no recurso julgado pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB).

Vídeos anexados ao processo mostram a mulher ofendendo a religião e seus seguidores, além de arremessar objetos no muro do terreiro durante uma celebração. O terreiro Ile Àsé Omi Karéléwa existe há 10 anos e é licenciado para atividades religiosas.

O babalorixá Diego Logunsy detalhou, em entrevista ao g1, as agressões sofridas havia cinco anos. “Ela ligava o som nas alturas e colocava umas caixas de som no muro para atrapalhar o nosso rito. Jogava sal grosso nas brechas das telhas que caíam justamente dentro dos quartos sagrados, falava que a gente cultuava demônio, que era uma religião de marginais, de maconheiro, de drogado, que a gente ia queimar no fogo do inferno”, lamenta.

Crime

O crime de injúria qualificada por preconceito religioso é tipificado no artigo 140, inciso 3º, do Código Penal. A pena é de um a três anos de reclusão e multa.

De acordo com a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras, em 2022 uma pesquisa ouviu 255 representantes de terreiros de religiões de matriz africana. Metade relatou até cinco ataques nos últimos dois anos.

Enzo Menezes é chefe de reportagem do portal da Itatiaia desde 2022. Mestrando em Comunicação Social na UFMG, fez pós-graduação na Escola do Legislativo da ALMG e jornalismo na Fumec. Foi produtor e coordenador de produção da Record e repórter do R7 e de O Tempo