Nesta semana, quatro pessoas, entre elas dois adolescentes de 14 e 17 anos, foram presas suspeitas de aliciarem menores de idade e cometerem crimes virtuais na plataforma
Segundo a Polícia Civil de São Paulo, todos os quatro agressores se conheciam. Os jovens chantageavam e constrangiam as vítimas para que cumprissem ‘desafios’. Caso elas não obedecessem, elas teriam fotos e vídeos íntimos vazadas.
O crime é caracterizado como
Mas o que leva meninas tão jovens a serem vítimas de crimes hediondos? A delegada explica que os criminosos são, na maioria das vezes,
“A criança passa a confiar, muitas vezes por ingenuidade, ou porque o agressor as ilude. Nos casos de jogos online, por exemplo, eles chegam a oferecer benefícios para passar de fase. São adultos manipulando crianças para cometer crimes contra sua dignidade sexual”, ressalta.
“Alto padrão de vulnerabilidade”
Segundo a psicóloga Bárbara Neto, especializada no atendimento de adolescentes, os agressores “escolhem” as vítimas com base em um perfil de vulnerabilidade.
“São meninas que já possuem um alto padrão de vulnerabilidade. Normalmente essas adolescentes tem uma estrutura familiar rompida, vivem em lares agressivos e violentos, ou, até mesmo, sofrem uma falta de atenção dentro de casa”, afirma.
Segundo a psicóloga, essas vítimas acabam se tornando “presas” mais fáceis por buscarem um carinho que não encontram na família. “Essa criança ou adolescente muitas vezes é ignorada pelos pais, violentada. Então ela está carente de atenção, afeto. A partir daí ela começa a confiar em quem oferece esse carinho que ela não recebe em casa”, explica.
Criminosos induzem vítimas ao suicídio
Além de crimes como estupro, agressão e associação criminosa, os criminosos foram indiciados por indução ao suicídio. Segundo a psicóloga, as palavras de ordem dos abusadores podem potencializar os sentimentos das vítimas, as levando até mesmo ao suicídio.
“O ambiente virtual faz com que essa enxurrada de comentários dizendo para a vítima a se matar causem uma verdadeira explosão. Se fosse apenas uma fala, ela poderia até machucá-la, mas não teria esse potencial que os comentários em massa possuem”, ressalta.
Busca por pertencimento pode explicar atitudes de vítimas e criminosos
Segundo Bárbara, os adolescentes mais jovens, entre 13 e 15 anos, são extremamente influenciáveis e clamam por atenção e pertencimento. “Quando esses adolescentes veem que estão ganhando visualizações com as suas atitudes e estão se sentindo pertencentes de um grupo, a tendência é continuar agindo daquela forma”, conta.
Esse desejo de ser visto, amado pode tanto explicar o comportamento das vítimas, quanto dos agressores. “Os agressores também podem agir assim por querer pertencer a um grupo, mas ouros fatores também devem ser considerados para tentarmos entender o por que agem com tanta violência. A sensação de impunidade e de que a internet é uma “terra sem lei”, abusos anteriores e falta de exemplos em casa também podem explicar o comportamento desses jovens agressores”, diz.
Sinais de alerta
Segundo a delegada, os
Angelini também esclarece a importância de conversar com as crianças sobre os perigos da internet e denunciar qualquer abordagem invasiva. “Os pais devem ter uma comunicação aberta com os filhos sobre os perigos da internet. Eles precisam orientar as crianças a não enviarem fotos ou informações íntimas, que identifiquem onde mora e onde estudam. Além disso, é muito importante denunciar qualquer tentativa de estupro virtual pelos telefones 197, 80 ou 190".
*Sob supervisão de Lucas Borges