Publicitária para em UTI após usar Ozempic para emagrecer

Uma mulher foi parar em uma Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), em São Caetano do Sul (SP), após usar o remédio Ozempic sem orientação médica para emagrecer. A publicitária Fernanda Guimarães Pimenta quase teve uma insuficiência hepática, ou seja, quando o fígado para de funcionar.

Recentemente, relatos do uso do medicamento para a perca de peso passaram a ser amplamente divulgados nas redes sociais. O remédio foi desenvolvido para o controle da diabetes tipo 2, mas passou a ser utilizado como tratamento para emagrecer, mesmo sem estar previsto em bula.

O Ozempic vem em uma caneta com uma agulha na ponta. Em julho do ano passado, Fernanda decidiu aplicar o medicamento depois de ver relatos positivos na internet. “O algoritmo começou a me apresentar diversos vídeos falando sobre o uso do Ozempic e seus resultados positivos. Então, eu coloquei na minha cabeça que se eu tomasse, iria dar super certo também”, contou em entrevista à BBC News Brasil.

De acordo com a publicitária, durante a pandemia da Covid-19, seu manequim passou de 40 para 44. Ela acredita que o sedentarismo foi o principal responsável pelo aumento de peso. Fernanda parou de caminhar até o escritório onde trabalhava, após virar home-office.

O que diz o fabricante

Em nota à BBC News Brasil, o laboratório Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, informou que o medicamento é indicado para o tratamento de pessoas com diabetes tipo 2, em conjunto com uma dieta adequada e exercícios físicos.

Em relação ao efeito colateral apresentado pela publicitária, o laboratório afirmou que o Ozempic não interfere no funcionamento do fígado. De acordo com a nota, o medicamento pode ser usado em pacientes com insuficiência hepática leve a moderada. Porém, enzimas pancreáticas podem aumentar com o uso do Ozempic. Por isso, pacientes com histórico de pancreatite devem usar o remédio com cautela.

Alerta

A Associação Brasileira para o estudo da Obesidade (ABESO) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) divulgaram uma nota em conjunto, no dia 29 de março, sobre o uso do fármaco. “A indicação de um tratamento medicamentoso deve ser feita por médico capacitado, levando em conta indicações, contraindicações tolerabilidade e expectativas do paciente, não se baseando apenas no IMC, mas sim em uma ampla gama de aspectos que devem ser tratados em consulta.”, diz o comunicado.

A nota também enfatiza a diferença de utilizar o Ozempic para o tratamento da obesidade e o uso de curto prazo de medicações para fins estéticos. “Medicamentos para obesidade aprovados pela Anvisa têm sua eficácia e segurança demonstradas e não devem ser condenados, mas sim selecionados individualmente dentro de uma consulta médica e serem vendidos unicamente sob prescrição médica”, acrescenta.