Dois pastores evangélicos acusados da morte do adolescente Lucas Terra começaram a ser julgados nesta semana, 22 anos após o crime. Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, membros da Igreja Universal, vão a júri popular, realizado no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador.
Lucas Vargas Terra, de 14 anos, foi colocado em uma caixa de madeira e queimado vivo em um terreno baldio, em 21 de março de 2001. Três pastores foram acusados da morte do adolescente: Silvio Galiza, Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva.
‘Lucas Terra - Traído pela obediência’, livro escrito e publicado de forma independente por José Carlos Terra, pai de Lucas, traz detalhes sobre o caso. Segundo o pai da vítima, o adolescente flagrou os pastores Joel e Fernando tendo relações sexuais em uma igreja antes de ser assassinado.
Trio de pastores é acusado de queimar adolescente vivo
Primeiro suspeito apontado, o pastor Silvio Galiza foi julgado e condenado em 2004. O pastor cumpriu sete anos de regime fechado e, em 2012, ganhou liberdade condicional. Em 2007, ele denunciou os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva por envolvimento no crime e confirmou que o flagrante teria motivado o crime.
Joel e Fernando foram inocentados pela Justiça em 2013. Entre decisões do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), os pastores aguardaram o julgamento em liberdade. Em 2020, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que eles iriam a júri popular.
Segundo informações do g1, Joel Miranda se mudou para o Rio de Janeiro após o crime e, até 2022, comandava uma igreja local. Fernando Aparecido da Silva se mudou para Minas Gerais, onde ainda exercia a função de pastor em uma igreja.
Os pastores são acusados de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Os três agravantes do homicídio são: motivo torpe, emprego de crueldade e impossibilidade de defesa por parte da vítima. De acordo com o g1, a acusação diz ter provas do estupro, mas o Ministério Público da Bahia (MP-BA) não confirmou se a dupla vai a júri por abuso sexual.
Pai de Lucas Terra
José Carlos Terra, pai de Lucas, morreu em fevereiro de 2019. Aos 65 anos, ele estava internado no Hospital Ernesto Simões, em Salvador, quando teve uma parada respiratória em decorrência de uma cirrose hepática.
Carlos passou quase 20 anos protestando pela morte do filho, em Salvador e pelo mundo. O pai do adolescente assassinado cobrava ações da Justiça brasileira e de órgãos internacionais para que os acusados da morte de Lucas fossem julgados.
Marion Terra, esposa de José e mãe de Lucas, disse que o estado do marido foi agravado em novembro. À época, a família recebeu a notícia de que o envolvimento do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte de Lucas foi anulado pelo STF por falta de provas.
Sob supervisão de Lara Alves