Um novo imunizante contra o vírus do HPV foi lançado no Brasil nesta semana, mas, por enquanto, só está disponível na rede privada. Com a divulgação, especialistas relembram a importância de uma campanha mais forte pela imunização de crianças e adolescentes na rede escolar pública.
De 2019 para 2022, a cobertura vacinal do HPV em meninas entre 9 e 14 anos caiu em 11,27%. Entre os meninos, caiu em 9,39%, causando preocupação no meio médico. Dados mostram que 8 em cada 10 pessoas sexualmente ativas são infectadas pelo HPV ao longo de suas vidas, e que um em cada 25 novos casos de câncer são causados pelo vírus anualmente.
“No Brasil, a primeira dose aplicada da vacina HPV na adolescência foi feita nas escolas e nossa cobertura foi praticamente 100%. A partir do momento que a vacina passou a ser feita apenas no serviço de saúde, essa cobertura foi caindo para 60% para 40%. Estou convencido que a única forma de melhorar nossa cobertura vacinal é com a participação efetiva do setor de educação”, reforça o médico epidemiologista José Geraldo Ribeiro, que é assessor de vacinas do Hermes Pardini.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que a vacina contra HPV está disponível em todos os 152 Centros de Saúde da capital e que, em 2022, foi realizada uma ação de aplicação de vacinas contra HPV nas escolas. No momento, “não há ação de aplicação de vacinas contra HPV em escolas, mas a Secretaria Municipal de Saúde mantém em constante avaliação estratégias para ampliar as coberturas vacinais”.
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Perigos do HPV
O HPV é um vírus com um grande potencial de desenvolver cânceres nos seres humanos e, na maior parte das vezes, é transmitido por vias sexuais. Segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde, 95% dos casos de câncer de colo de útero são causados pelo HPV e, por hora, 70 cânceres relacionados ao vírus são diagnosticados no Brasil.
“O HPV pode causar infecções leves, como verrugas banais, até câncer. Ele é o que a gente chama de vírus oncogênicos, é o principal e quase único causador do câncer de colo do útero, e também causa câncer peniano, câncer no ânus, câncer na boca e faringe. Dados baseados no INCA [Instituto Nacional de Câncer] levam a crer que cerca de 25 mulheres brasileiras morrem todos os dias por câncer de colo do útero”, explica o médico.
O especialista lembra, ainda, que o ideal é que as crianças comecem a ser vacinadas contra o HPV antes de entrarem na adolescência. Isso porque, desta forma, elas já estarão protegidas quando iniciarem sua vida sexual.
Nova vacina disponibilizada
A nova vacina contra o HPV que chegou ao Brasil só está disponível na rede particular. Segundo o médico epidemiologista, o imunizante já foi licenciado pela Anvisa para ser utilizado entre 9 e 45 anos de idade para homens e mulheres.
A grande diferença do novo imunizante, é que ele é 9 valente, protegendo contra nove tipos do HPV. Isso é cinco tipos a mais do que o imunizante tradicional, que atualmente é utilizado pelo SUS.
“A Anvisa recomenda que toda vacina feita em serviço privado, que não faça parte do calendário oficial do SUS, seja recomendada pelo médico do paciente. Então, antes de irem ao serviço privado, as pessoas devem conversar com seus médicos. Quanto a preço não existe uma tabela, ele vai variar muito de serviço para serviço, mas eu recomendo sempre que a pessoa se vacine em serviços de confiança do seu médico, porque conservação de vacinas não é uma coisa simples e exige pessoal especializado”, recomenda o epidemiologista José Geraldo Ribeiro.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que não há previsão para inclusão da nova vacina no calendário do SUS.
“A inclusão de novas terapias e tratamentos no SUS é avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) que leva em conta aspectos como eficácia, acurácia, efetividade e segurança. Até o momento, não há solicitação em aberto para avaliação da nonavalente de HPV na Conitec”.