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Sede de ONG vira hospital de campanha, abrigo e necrotério em São Sebastião

Com a vila isolada, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil não conseguiam chegar por terra nem pelo mar

ONG acolhe vítimas de chuvas em São Sebastião

A sede da ONG Instituto Verdescola, que desenvolve projetos nas áreas de educação, meio ambiente e apoio social na Barra do Sahy em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, se transformou, nesta segunda-feira (20), em um misto de hospital de campanha, abrigo e necrotério na tragédia que atinge a população local. Isso porque, com a vila isolada pela queda de barreiras e pelo mau tempo, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil não conseguiam chegar por terra nem pelo mar.

A ONG abriu sua sede, na entrada da vila, e tomou a dianteira no atendimento aos atingidos. Os primeiros corpos de vítimas, resgatados dos escombros pelos próprios moradores, foram levados para a unidade. No início da tarde de domingo (19), 17 corpos estavam em salas da ONG, à espera de traslado. Alguns já tinham sido reconhecidos pelos familiares, que foram até o local, mas a maior parte estava sem identificação. Mais tarde, os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML).

De acordo com a diretora Fernanda Carbonelli, muitos feridos passaram pelo primeiro atendimento ali. “Colocamos nossos médicos, abrimos as portas para voluntários e mobilizamos todos os recursos possíveis para atender às pessoas que precisavam. As pessoas com ferimentos mais graves recebiam os primeiros socorros e ficavam esperando a chegada de helicópteros.” Sem o suporte da ONG até a chegada do transporte, muitas pessoas teriam o quadro agravado ou poderiam ter morrido.

Nesta segunda-feira, a situação ainda era muito crítica, segundo a dirigente, com dezenas de casas soterradas, falta de água, regiões ainda sem luz e comunicação. Os poucos mercadinhos que não tiveram as mercadorias atingidas pelas inundações estavam com filas imensas à porta e já faltavam produtos. A Escola Municipal Henrique Tavares de Jesus, estava lotada, com quase 300 desabrigados, e a Verdescola passou a receber as pessoas sem casa.

Pela manhã, a ONG atendia 81 desabrigados com água, alimentos, cama e banho. A Verdescola conseguiu mobilizar uma rede de doações para obter roupa de cama, toalhas, colchões, água sanitária, alimentos não perecíveis e itens de higiene pessoal, mas enfrentava dificuldades com a entrega, com a rodovia Rio-Santos interditada. Com a forte ressaca durante o temporal, as rampas e os píeres que podiam receber barcos em marinas próximas ficaram danificados.

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