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Entenda como age a ‘mosca maldita’ e a ameaça que ela representa

Governo brasileiro declarou status de emergência em quatro estados. Inseto se reproduz rápido, tem muitos hospedeiros e não tem inimigos naturais

Como uma simples mosca de 6,5 mm de comprimento pode ter feito o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarar ‘estado de emergência fitossanitária’ nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, na semana passada? Justamente por que não se trata de uma ‘simples mosca’.

A mosca-da-carambola tem esse nome só porque acometia mais essa fruta em seu país de origem no Norte da Ásia. No Brasil, foi detectada em 1996 e, hoje, é um dos principais riscos à fruticultura nacional, devido a seu grande potencial de impacto econômico, social e ambiental.

Na sexta-feira (24), o Mapa publicou a Portaria n° 953, que submete à consulta pública, pelo prazo de 90 dias, a minuta que estabelece os procedimentos operacionais para as ações de vigilância, contenção, supressão e erradicação da praga quarentenária presente Bactrocera carambolae (mosca-da-carambola). A proposta, entre outras coisas, quer agilizar o controle da praga. O governo tem pressa em eliminar o inimigo.

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Entenda melhor a situação

O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo e a mosca-da-carambola é a principal ameaça à manutenção dos mercados de exportação já estabelecidos e em constante expansão da fruticultura.

A praga Bactrocera carambolae causa danos não apenas na carambola, mas em diversas outras frutas como manga, goiaba, acerola, tangerina, caju, pitanga, pitanga, laranja, além de frutos amazônicos, como taperebá, biribá, ajuru, abiu, entre outras - num toral de 29 hospedeiros - e é considerada umas das pragas de fruta mais perigosas do mundo porque:

  • se reproduz mais rápido do que outras espécies de moscas de frutas.

  • Num mesmo fruto, a mosca-da-carambola consegue botar 48 ovos.

  • A mosca da carambola não é nativa do Brasil e, por isso, não tem inimigos naturais que controlem a sua população, explica a chefe de pesquisa da Embrapa Amapá, Cristiane Ramos de Jesus

  • gera perdas em plantações, prejudicando a renda de agricultores, exportações de frutas e a alimentação das comunidades.

Por que decretar estado de emergência?

É que se ela se espalhar para o Vale do São Francisco, – que é o principal polo de exportação de frutas no Brasil –, as vendas do país podem ser bloqueadas. Então, é melhor prevenir do que remediar. Foi por isso que o governo declarou estado de emergência fitossanitária, um status que sempre é acionado quando há risco de surto ou epidemia de uma praga agrícola que entra no país ou que já existe no território. Na prática, com a declaração, a fiscalização tende a ser reforçada, diz o ministério.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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