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Queijo do Cerrado conquista reconhecimento de Indicação Geográfica; entenda o que isso significa

Produtores de 19 municípios poderão usar a chancela, que é uma tendência mundial, e agrega valor ao queijo

Produtores de Queijo Minas Artesanal de 19 municípios da região do Cerrado Mineiro já podem comemorar. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) divulgou, ontem (1º), a concessão da Indicação Geográfica (IG) para o queijo do Cerrado, na modalidade Indicação de Procedência (IP). Isso significa que eles poderão usar a chancela que reconhece as qualidades e as características específicas do produto feito na região.

A Indicação Geográfica (IG) é um reconhecimento que garante a procedência do produto e sua qualidade, além de ser um diferencial competitivo para os produtores da região. Dividido em Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência (IP), o registro de Indicação Geográfica evidencia a reputação, as qualidades e as características de produtos e serviços de uma localidade.

O especialista e consultor do Centro de Referência do Queijo Artesanal de Minas Gerais, Elmer Ferreira, explica que a Indicação Geográfica funciona como uma proteção ao nome do produto e sua origem. “Ela agrega valor, com certeza, mas não é garantia de que o produtor poderá vender o queijo mais caro. Isso é muito relativo. Além disso, numa região com tantos produtores, como o Cerrado, o grupo que vai deter a marca, não deverá ser muito grande”, pondera. De acordo com Elmer, na região da Canastra, por exemplo, que tem mais de 800 produtores, apenas 200 usam o selo IG. “Então, isso, fatalmente, também vai acontecer no Cerrado. Hoje, o que valoriza o queijo é ganhar um prêmio num festival importante , seja aqui no Brasil, seja no exterior. Essa é a leitura que faço”.

A IG do Cerrado abrange produtores do Alto Paranaíba e Noroeste de Minas Gerais, das cidades de Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Vazante, Tiros e Varjão de Minas.

A solicitação para a concessão da chancela de Indicação Geográfica foi feita pela Associação dos Produtores de Queijo Minas Artesanal do Cerrado (Aprocer), com apoio do Sebrae Minas, em 2022.

Para o presidente da Associação, Eudes Braga, a aprovação foi mais rápida do que o esperado, o que confirma as características e qualidades da produção de queijos artesanais no território. “Esse reconhecimento é um grande marco para a região. Todos os holofotes estarão direcionados pra cá, valorizando ainda mais o nosso produto, abrindo novos mercados e gerando mais confiança para os consumidores”, ressalta.

Apoio na estruturação

Para o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, a Indicação Geográfica contribuirá ainda mais para a promoção da qualidade e origem do produto. “Esse reconhecimento elevará a região como referência na produção de queijo, somando-se ao prestígio já conhecido pelo café. Os produtores terão seu trabalho mais enaltecido, enquanto o produto ganhará maior visibilidade e oportunidade de expansão para novos mercados”, afirma.

Queijo do Cerrado

A Indicação Geográfica foi concedida aos queijos produzidos a partir de leite cru, integral, recém ordenhado, produzido e beneficiado na propriedade de origem em até 90 minutos após sua obtenção, devendo a umidade máxima ser de 45,95% e seguindo boas práticas de produção.

Os queijos do Cerrado são considerados de alta umidade, sendo a prensagem manual com o auxílio de tecido dessorador, uma técnica de produção oriunda da tradição e herança cultural da região. São justamente tais técnicas que diferenciam o produto e contribuem para que o Cerrado se torne cada vez mais conhecido pela produção de queijos artesanais.

Indicação Geográfica

Atualmente, o Brasil tem 114 Indicações Geográficas registradas no INPI. A maioria delas são de pequenos negócios no segmento do agronegócio. No caso do queijo, três IGs reconhecidas são de Minas Gerais, todas na modalidade de indicação de procedência: Serro, Canastra, e agora, o Cerrado.

(*) Com informações do Sebrae-MG

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



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