Você já comeu um marmelo? Quem sabe uma marmelada? Não? É compreensível. Há 50 anos, Minas era um grande produtor dessa fruta e também do doce feito com ela. No final dos anos 60, o estado contava com 7,5 mil hectares plantados e produção anual de 11,5 mil toneladas de marmelo. Segundo o coordenador técnico de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, Minas chegou a ter 27 agroindústrias de marmelada naquele período.
Só que, com o passar dos anos, os problemas fitossanitários nas plantas e a introdução de outros doces no mercado fizeram com que a cultura entrasse em declínio. Atualmente, as lavouras de Marmelo estão presentes em apenas 55 hectares, com uma produção de 350 toneladas/ano distribuídas nos municípios de São João do Paraíso, Marmelópolis e Serro.
Sete cultivares estão sendo avaliados
Pois uma pesquisa inédita, envolvendo a Emater e a Universidade Federal de Lavras (UFLA) quer recuperar a cultura do marmelo no Estado. O trabalho está na fase de avaliação de sete cultivares da fruta, em diferentes regiões do estado.
Como tudo começou?
O estudo teve início há cerca de 20 anos, com a formação de um banco de germoplasma pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), que hoje contém dezenas de cultivares de marmeleiro e é considerado o maior da América Latina.
Quais municípios foram envolvidos?
Foram selecionados produtores rurais de 10 municípios onde foram feitos plantios com as mudas cedidas pela universidade. Os municípios participantes são: Coimbra, Conceição do Mato Dentro, Soledade de Minas, Coqueiral, Delfim Moreira, Marmelópolis, Lagoa Dourada, Resende Costa, Machado e São João do Paraíso.
Como está sendo o trabalho no campo?
Os agricultores, que receberam as mudas em 2021, disponibilizaram as áreas de cultivo para servirem de unidades demonstrativas e unidades de observação das variedades. Cada produtor recebeu 161 mudas. O desenvolvimento das plantas está sendo monitorado pelos técnicos da Emater-MG e acadêmicos da Ufla.
“A pesquisa vai mostrar qual variedade melhor se adapta a cada região. Pode ser que uma variedade seja muito boa para o Sul de Minas, mas não seja a melhor para o Norte do estado”, explica Denny.
De qualquer forma, ele explica que esse é um trabalho a longo prazo, já que o marmelo demora cerca de cinco anos para produzir. “A partir daí poderemos recomendar, com embasamento na pesquisa, qual a melhor variedade para os produtores interessados”, diz.
A árvore hiberna no inverno
“O marmelo é uma fruta de clima temperado. Nesta época do ano, a planta está em dormência, as folhas caem, ela hiberna. Então é o momento de fazer tratos culturais, como a poda, além do tratamento para evitar pragas e doenças”, explica o coordenador.
Principal doença
De acordo com Deny, a principal doença que afeta o marmeleiro é a Entomosporiose, causada por um fungo. As plantas contaminadas apresentam manchas nas folhas, interrompem a fotossíntese e caem. “Com a pulverização feita com calda bordalesa, aliada à poda, diminuímos a possibilidade da incidência do fungo”.
Porque ‘ressuscitar’ o marmelo
“Percebemos que o mercado mudou. As pessoas estão procurando novamente os doces caseiros, provenientes das agroindústrias familiares”, explicou o coordenador da Emater.
Como surgiu a expressão ‘é marmelada’?
Surgiu na culinária quando doces industrializados eram caros e os adultos davam às crianças o doce de marmelada por ser gostoso e muito acessível. A expressão é utilizada, ainda hoje, por torcedores referindo-se a resultados combinados em partidas de futebol ou a outros tipos de trapaça.
Parece pêra, mas tem gosto amargo
Ele tem um formato semelhante ao da pêra, com uma coloração amarelo-intenso. Porém, não dá para ser consumida pura por ter uma polpa dura, áspera e um gosto amargo. Por isso, tiveram a ideia de cozinhá-la e misturar açúcar, transformando-a num doce delicioso.
Em Portugal, o marmelo é, geralmente, consumido cozido, assado ou em forma de geleia ou pasta;
É rico em nutrientes como as vitaminas A, B e C, também em minerais e pobre em gorduras.
Os maiores produtores da fruta são: Turquia, China, Marrocos, Argentina, Irã, Peru, Uruguai e Chile.