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Mercado do leite: saiba quais são as perspectivas para 2023

Analista diz que preços nas gôndolas dos supermercados estão atrelados a vários fatores, entre eles, exportação e a velha lei da oferta e da procura

Ribeiro: “a maior parte dos produtores está com medo” fazendo apenas o básico bem feito

Depois de um ano em que o consumidor teve que pagar caro pelo litro de leite, o que esperar do cenário desse produto tão fundamental para a população em 2023? O engenheiro agrônomo, membro da Câmara Técnica do Conseleite-MG e consultor-master do programa ATeG Balde Cheio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Walter Ribeiro, disse que é difícil falar em tendência a longo prazo no mercado do leite porque são vários os fatores que impactam no preço final: renda familiar que influencia num maior ou menor consumo; exportação (atualmente incipiente), importação e preço dos insumos que impactam diretamente nos custos dos produtores. “Esse último, aliás, em função da guerra da Ucrânia, é hoje, o principal desafio dos pecuaristas”, disse o engenheiro.

Segundo ele, há cerca de 15 dias, houve uma alta considerável no valor do leite Spot (que é o leite comercializado entre indústrias) e isso, muito provavelmente, deve refletir no preço do leite pago ao produtor. “Ainda não foi divulgado de quanto será esse aumento. Mas sabemos que o leite Spot está diretamente relacionado ao preço pago ao produtor. Se os laticínios estão pagando mais pelo Spot é porque estão precisando de leite de imediato, ou seja, a demanda está alta”.


Alta produtividade de milho é positiva


A maior expectativa, agora, é com relação à safra do milho. Se ela for altamente produtiva, provavelmente haverá uma queda no valor do concentrado, que é usado na ração das vacas e representa algo entre 40% a 50% do custo de produção. “Isso pode ajudar o produtor a equilibrar os custos. Vamos torcer”.

Momento é de cautela

Segundo Ribeiro, “a maior parte dos produtores está com medo”, fazendo apenas o básico, o simples bem feito, evitando investimentos mais onerosos em suas propriedades enquanto aguardam o cenário econômico no país, após a posse do novo governo. “O momento é de cautela”, disse.

O engenheiro lembrou que o produtor produz o mês inteiro e só recebe no mês subsequente. “Ele faz a feira, abastece seu carro e paga todas as contas contando com o valor que só vai receber no mês seguinte. Temos notícia de que alguns laticínios, em regiões específicas do estado, que não estão pagando em dia. Isso é um complicador”, alertou.

A longo prazo, Ribeiro analisa que a única forma do produtor sobreviver na atividade será reduzindo as margens de lucro e aumentando a escala de produção para que ele tenha ganhos que compensem sua permanência na atividade.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.



Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.