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Agro demonstra proximidade com temas que serão debatidos na Conferência do Clima

Evento internacional terá a presença de 96 chefes de nação, inclusive do presidente brasileiro, eleito, Luiz Inácio Lula da Silva

Brasil conta com biodiversidade, água, energia limpa e renovável, alimentos, fibras, biocombustíveis, serviços ecossistêmicos e uma agropecuária ímpar no mundo

Com a proximidade da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), marcada para acontecer entre 6 e 18 de novembro, em Sharm El-Sheik, no Egito, intensificam-se as discussões sobre como o agro pode contribuir para a redução das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE). Há cerca de um mês a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entregou ao Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, um posicionamento do setor com foco na adaptação dos processos produtivos para a redução dessas emissões.

Em Minas, a assessora de Sustentabilidade do Sistema Faemg, Ana Paula Mello, diz que produtores rurais mineiros têm investido em tecnologias, assistência técnica e gerencial, atuando cada vez mais no âmbito do Plano Setorial ABC - Agricultura de Baixa Emissão de Carbono. “As metas da última década foram cumpridas e até mesmo superadas. A expectativa, agora, é que o aumento do uso de Plano Setorial promova um salto produtivo na nossa agropecuária tropical sustentável, com todos os benefícios agregados que isso traz às famílias, à economia, ao clima e demais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável preconizados pela ONU, inclusive a paz”, falou.

De acordo com ela, a guerra russa causou uma reviravolta quanto à visão dos países temperados a respeito da transição energética verde, inclusive na Europa, que vinha defendendo um futuro carbono neutro. “Está ocorrendo um retorno aos combustíveis fósseis, em especial ao carvão, devido à dependência dos países frios ao insumo. Em contrapartida, o Brasil tem tudo para garantir segurança alimentar e energética de forma limpa e sustentável, e se mostra um importante player no âmbito das negociações da COP-27 no Egito”, acrescenta.

Códigos Florestais

Ainda de acordo com Ana Paula, o Brasil conta com biodiversidade, água, energia limpa e renovável, alimentos, fibras, biocombustíveis, serviços ecossistêmicos e uma agropecuária ímpar no mundo. Por isso, é preciso viabilizar a implantação do Código Florestal e a ampliação da adoção de sistemas resilientes via ABC+. “A COP 27 pode ajudar a trazer definições a respeito do financiamento climático, dentro do princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas”.

Enquanto isso, o Sistema FAEMG/SENAR presta assistência técnica e gerencial a milhares de produtores, com a disseminação de práticas para a conservação dos recursos naturais e contribui para a geração de emprego, renda, alimentos, educação e desenvolvimento regional. “Um exemplo é o FIP Paisagens Rurais, projeto de gestão integrada da paisagem no Bioma Cerrado que prevê a recuperação produtiva de 100 mil hectares de pastagens degradadas e de 7 mil hectares de áreas de preservação permanente e reservas legais, em 4 mil propriedades rurais no país”, diz Ana Paula.

CNA entregou documentos a ministros

A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou, há cerca de um mês, um documento com as principais proposições do agro aos ministros Joaquim Leite (Meio Ambiente), Marcos Montes (Agricultura) e Carlos França (Relações Exteriores) durante o evento “Agropecuária Brasileira no Acordo de Paris”, encontro de preparação para a COP-27.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, afirmou que “a COP-27 terá a complexa missão de falar sobre a redução de gases de efeito estufa e também da segurança alimentar”. “Estamos produzindo de maneira sustentável e mostrando que sustentabilidade não é apenas na parte ambiental, mas também econômica e social”.

O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, afirmou que “o Brasil, quando exporta alimento, exporta tecnologia. Ele acredita que o agro brasileiro tem condições de ampliar sua competitividade em um contexto de regras ambientais rígidas.

Lula participará da COP-27

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará da Conferência. A informação foi confirmada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Lula foi convidado a integrar a comitiva do governador do Pará, Hélder Barbalho, e aproveitará o evento para reforçar ao mundo seu compromisso com a agenda ambiental. Mais de 90 chefes de Estado participarão, como o presidente dos Estados Unidos Joe Biden e o presidente da França, Emmanuel Macron.

(*) Com informações do Sistema FAEMG

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.