UFOP e USP iniciam nova fase de estudos sobre fóssil “Homem de Lagoa Santa”

Pesquisa analisa crânio preservado no Museu de Ciência e Técnica e inclui extração de DNA

Pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) iniciaram uma nova fase de estudos sobre o fóssil conhecido como “Homem de Lagoa Santa”, preservado no acervo do Museu de Ciência e Técnica (MCT) da Escola de Minas. O crânio, com idade estimada entre 10 e 12 mil anos, foi encontrado em 1939 por estudantes da instituição durante uma expedição científica na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais.

A nova etapa da pesquisa envolve a coleta de amostras ósseas realizada pelo arqueólogo André Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP). A atividade faz parte de uma parceria entre a UFOP, a USP e o Instituto Max Planck, da Alemanha, que busca ampliar o conhecimento sobre os primeiros grupos humanos que habitaram o território brasileiro.

As análises incluem extração de DNA antigo, datação por radiocarbono e estudo de isótopos estáveis. Esses métodos permitem investigar aspectos relacionados à ancestralidade, à alimentação e ao ambiente em que esses indivíduos viveram. A pesquisa também pretende verificar possíveis conexões com outros fósseis encontrados na região, como o de Luzia, um dos mais antigos registros humanos das Américas.

De acordo com a vice-coordenadora do MCT, Daniela de Oliveira Pereira, o interesse renovado pelo fóssil fortalece a relevância científica do acervo e estimula o desenvolvimento de novos projetos na Universidade. Ela afirma que o material representa uma oportunidade de investigação interdisciplinar e de formação de novos pesquisadores. “O estudo do passado é essencial para compreender processos que moldaram a nossa existência e orientar o avanço da pesquisa”, destaca.

O curador do acervo, geólogo Anderson Vital Sales, explica que o crânio está sob preservação desde a década de 1930 e requer cuidados específicos para a manipulação e análise. Ele reforça que o processo de pesquisa deve ocorrer com cautela, respeitando o estado de conservação e o histórico do material. Segundo o curador, há hipóteses que indicam uma possível contemporaneidade entre o “Homem de Lagoa Santa” e Luzia, o que, se confirmado, pode oferecer novas informações sobre o povoamento do continente americano.

Além da pesquisa científica, o MCT mantém o compromisso de preservar e divulgar o patrimônio científico da UFOP. O museu, fechado desde 2020 para obras de reestruturação, prepara-se para retomar as atividades em 2025, ano que marca o início das comemorações pelos 150 anos da Escola de Minas. A reabertura deverá incluir novos espaços expositivos e ações voltadas à pesquisa, ensino e extensão.

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Antônia Veloso tem 25 anos, é ouro-pretana e estudante de jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto. Se interessa por diversas temáticas, como jornalismo cultural, jornalismo político e jornalismo econômico.

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