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Bicampeã olímpica de vôlei e empresária trocam acusações na Justiça

Fabiana Claudino, ex-central e Ana Flávia, uma das empresárias mais importantes do Brasil, movem acusações em processos

Ana Flávia e Fabiana Claudino eram sócias e tinham relações comerciais há mais de 20 anos

Dois processos correm na Justiça em meio à troca de acusações entre a ex-jogadora Fabiana Claudino e a empresária Ana Flávia, da agência Top Volley. Fabi, bicampeã olímpica de vôlei pelo Brasil, abriu uma ação na Justiça de São Paulo no valor de R$ 1,6 milhão acusando a ex-agente de estelionato. Ana Flávia, por sua vez, pediu instauração de inquérito contra a ex-sócia por denunciação caluniosa.

Paralelamente ao processo na Justiça de São Paulo, Ana Flávia entrou com outra ação, essa na Justiça de Minas Gerais. O pedido é para romper a sociedade iniciada em 2020. As discussões judiciais ocorrem desde dezembro de 2024. Até o momento, nenhum dos dois processos teve a situação definida.

O ponto de cisão entre as duas foi uma cláusula de distrato da sociedade. Há uma multa de R$ 3 milhões para impedir que Fabiana seja concorrência para Ana Flávia no mercado de agenciamento de jogadoras. Sem acordo para o rompimento entre as partes, Fabiana procurou a Justiça.

A acusação de Fabiana

A defesa da bicampeã olímpica comprova nos autos do processo que a atleta repassou R$ 1,6 milhão para Ana Flávia durante a pandemia da Covid-19. A empresária afirmou que poderia oferecer melhores rendimentos do que o obtido em instituições financeiras.

Também ficou acordado, segundo a defesa, que os valores seriam devolvidos para Fabiana caso fosse solicitado. Após os repasses, a ex-jogadora afirma ter assinado documentos, sem o seu entendimento, para que se tornasse sócia da empresa. A defesa diz que a assinatura, em sinal da confiança pela relação construída entre as duas, foi feita sem conferências.

“Em sua ingenuidade e vulnerabilidade, à época, se sentido honrada e tranquila, achando que, realmente, sua agente havia cumprido o prometido e conferido uma garantia à altura dos Investimentos realizados”, diz parte do processo.

A ex-jogadora recebeu 15% das cotas da empresa. A partir disso, a defesa de Fabiana passa a detalhar a acusação de golpe sofrido.

“Fabiana nunca pretendeu adquirir participação societária alguma, muito menos em uma empresa recém constituída, unipessoal e exclusiva de Ana Flávia, de cuja existência jamais tinha tomado conhecimento, pagando ela, pasmem e repita-se, R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais) por tão somente 15 % (quinze por cento) da sociedade, cujo Capital total e integral era da ordem, à época, de meros R$ 600.000,00", diz.

“Ou seja, a autora fora vítima de um ‘GOLPE’ (as letras maiúsculas estão grafadas assim no processo) e teria, em última análise, comprado R$ 90.000,00 (noventa mil reais) por R$ 1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil reais), o que é de todo inadmissível, imoral e antijurídico”, completa.

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Ana Flávia rebate acusações

Nos autos do processo, Ana Flávia se defende e afirma que Fabiana sabia, a todo momento, que se tornaria sócia da empresa. A empresária anexou conversas entre as partes, apresentações para explicar como funcionaria a sociedade e o contrato assinado para firmar o acordo.

Segundo a defesa da agente, Fabiana comprou 10% das cotas por R$ 1 milhão e depois comprou mais 5% por R$ 600 mil. No processo, Ana Flávia rebateu o argumento de Fabiana sobre não querer entrar como sócia da empresa.

"É uma mentira maldosa, mal intencionada e com propósito colocar a “representante” como suposta “vítima” de um ardil, onde, ao que quer fazer parecer, a Sra. Fabiana teria perdido em favor dos declarantes os valores aportados como compra de cotas da sociedade. Em verdade, a Sra. Fabiana adquiriu cotas de uma sociedade, que aliás, como se demonstrará adiante, é lucrativa e distribuiu dividendos às sócias em todos os anos de existência”, diz trecho do processo.

A Top Volley procurou a reportagem depois da publicação do texto para se pronunciar oficialmente sobre o tema. Veja a nota.

COMUNICADO OFICIAL

A empresa Top Volley, reconhecida por sua excelência e compromisso com o esporte, vem a público esclarecer os acontecimentos recentes divulgados pela mídia envolvendo nossa empresa, administrada por sua sócia majoritária Ana Flávia Sanglard.

1. Sobre os Relatos Recentes:

Nos últimos dias, surgiram relatos na mídia sobre conflitos societários envolvendo a Top Volley, a empresária Ana Flávia e Fabiana Claudino. Sentimos a necessidade de esclarecer os fatos à luz das informações corretas e transparecer nossas ações.

2. Esforços de Notificação:

Em meados de 2024, a sócia Fabiana (com quem a Top Volley sempre teve uma excelente relação de mais de 20 anos) estava em negociação de sua retirada da sociedade. A Top Volley, então, enviou para a mesma uma minuta do contrato de venda de cotas para análise, obedecendo o mesmo padrão do acordo de cotistas da empresa. Todavia não foi obtido êxito e sequer resposta para negociação diante da cláusula non compete (limitada apenas ao seguimento de intermediação de atletas) foi dada. Desde o final de 2024, a Top Volley tem buscado, de forma respeitosa e legal, comunicar-se com a sócia Fabiana para que a mesma se manifeste com os termos de sua saída da sociedade e receba os valores de suas cotas. Foram enviadas notificações extrajudiciais solicitando o cumprimento do Acordo de Cotistas, ou a apresentação formal dos termos para a oferta de suas cotas. Apesar de Fabiana ter sido notificada pessoalmente em 06 de novembro de 2024, a Top Volley não recebeu qualquer resposta até a presente data.

3. Medidas Judiciais:

Diante da falta de retorno e das alegações criminais discutidas no foro de São Paulo e assessorado pela banca de advogados Fabra, Carceles, Boechat & Advogados Associados, a Top Volley, em dezembro de 2024, ajuizou ação competente de dissolução societária e apuração de haveres sociais, diante da quebra da affectio societatis. Esta medida visa não apenas a apuração justa dos valores, mas também assegurar que os direitos da sócia sejam honrados, conforme acordado previamente no Acordo de Cotistas.

4. Compromisso com a Justiça:

A Top Volley reafirma seu compromisso com a boa fé e com a preservação dos direitos de todos os envolvidos. Nossa busca pela justiça tem como objetivo garantir que os trâmites legais sejam seguidos corretamente, em prol de uma solução justa e tranquila para todos.

5. Reafirmação de Propósitos:

Por fim, é importante ressaltar que a narrativa divulgada pela mídia reflete apenas a perspectiva apresentada pela sócia. O objetivo da Top Volley é que a verdade e a Justiça prevaleçam, resolvendo o conflito jurídico com a clareza e firmeza necessárias.

A Top Volley busca sempre manter em seus negócios, seus valores e ética empresarial e continuará empenhada em trazer aos seus colaboradores, parceiros e ao público a costumeira confiança em suas ações.

Leonardo Parrela é chefe de reportagem do portal Itatiaia Esporte. É formado em Jornalismo pela PUC Minas. Antes da Itatiaia, colaborou com ge.globo, UOL Esporte e Hoje Em Dia. Tem experiência em diversas coberturas como Copa do Mundo, Olimpíada e grandes eventos.