Os tradicionais jogos “casados contra solteiros”, a pelada entre amigos ou a partida em família, fazem parte das confraternizações de fim de ano. No entanto, essas atividadaes podem esconder riscos, especialmente para quem passa boa parte do ano longe de práticas esportivas.
É o que aponta a fisioterapeuta Alana Tavares, especialista pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (Sonafe Brasil). De acordo com a profissional, entender os limites do próprio corpo é essencial para que a diversão não termine em lesão.
“Quando existe um histórico de sedentarismo, isso precisa ser levado em consideração antes de participar de jogos recreativos. Essas atividades acontecem em grupo, o que aumenta os riscos não só de lesões individuais, mas também por contato com outras pessoas, ainda mais em contextos de competitividade e consumo de álcool, algo comum nas confraternizações”, explica Alana.
Além do risco muscular e articular, a especialista chama atenção para a saúde cardiorrespiratória. Pessoas que não mantêm uma rotina regular de exercícios aeróbicos podem sentir cansaço excessivo, dificuldade de respiração e até dor no peito, sinais que não podem ser ignorados.
Outro ponto frequentemente negligenciado é o aquecimento antes do jogo. Segundo ela, exercícios simples antes da atividade e alongamentos ao final já ajudam a reduzir o risco de lesões, especialmente entre pessoas mais velhas ou sedentárias.
“O aquecimento faz parte da rotina de qualquer atleta, mas deveria ser adotado também por quem vai participar de uma brincadeira recreativa. Muitas pessoas simplesmente entram em campo sem preparar o corpo”, diz Alana.
Mesmo quem pratica exercícios ao longo do ano precisa manter a atenção. Terrenos irregulares, gramados desnivelados, disputas de bola e até ambientes com piscina aumentam a chance de entorses, quedas e lesões traumáticas.
“No futebol, por exemplo, as lesões musculares na parte posterior da coxa são bastante comuns. Soma-se a isso o fato que, no fim do ano, as pessoas costumam beber menos água, consumir mais álcool e se alimentar de forma diferente, o que eleva ainda mais os riscos”, destaca.
Caso algum incidente aconteça durante a partida, a recomendação é não ignorar os sinais do corpo. “É comum uma pessoa não sentir dor na hora e, depois, evoluir para um quadro intenso e incapacidade, chegando a procurar emergência em pleno feriado. Sensações como estalos, movimentos anormais de articulação, áreas roxas, dor progressiva ou perda de função são sinais de alerta”, afirma.
Alana ressalta que nem toda dor representa uma lesão grave, especialmente em períodos de mudança de rotina, viagens longas ou noites mal dormidas. Ainda assim, procurar avaliação profissional é fundamental. “O fisioterapeuta é um profissional de primeiro contato e deve ser procurado nessas situações. Eu costumo dizer que toda pessoa deveria ter um fisioterapeuta ‘para chamar de seu’, justamente para não postergar o cuidado nem tentar resolver apenas com medicação”, conclui.