Minutos após o Sport ter sacramentado a permanência na Série B do Campeonato Brasileiro, o presidente do clube, Yuri Romão, foi à sala de imprensa da Ilha do Retiro neste sábado (25). Com semblante abatido e a voz serena, durante 45 minutos, o mandatário respondeu a uma série de indagações sobre decisões, atitudes e falta de atitudes tomadas ao longo da temporada 2024. Romão afirmou não ter arrependimentos.
“Nunca me arrependo de nada. Posso até me arrepender de algumas coisas pontuais, mas todas as decisões, como disse o filósofo Ortega Garcez, foram tomadas em um momento em que havia circunstâncias das quais boa parte da imprensa não tinha acesso. Todas as decisões foram tomadas em um momento que havia uma circunstância. Boa parte da imprensa não tinha acesso, chegar e dizer que me arrependo, não”, começou por dizer.
“A oscilação foi latente, todo mundo viu. Mas havia o sentimento interno que a próxima partida iria dar tudo certo. Tivemos um primeiro semestre avassalador, gols e mais gols, jogos brilhantes e todos os dias íamos dormir achando que ia voltar aquele ímpeto, vontade, estilo de jogo que tínhamos e isso não aconteceu”, acrescentou Yuri Romão.
O mandatário rubro-negro ainda lamentou a queda de rendimento do futebol apresentado pelo Sport relativo ao primeiro semestre.
“Não era essa a entrevista que gostaríamos de dar nesse momento. Tudo o que foi planejado desde o final de outubro, alguma coisa não andou bem. Não conseguimos desempenhar o futebol do início da temporada e que nos trouxe o ar de que as coisas chegariam ao final de 2023 com o acesso ‘com os pés nas costas’, no linguajar popular. De fato, tivemos acertos, erros, e cabe a nós, quanto a dirigentes, gestores, fazer autocrítica, ver onde erramos e tentar consertar para a próxima temporada. Diria que muita coisa foi feita de forma acertada. O time não rendeu segundo semestre e precisamos saber o que houve”, complementou.
Blindagem a Enderson Moreira
Questionado sobre a blindagem ao técnico Enderson Moreira, demitido apenas na penúltima rodada da Série B, o presidente do Sport justificou que acreditava que o treinador conseguiria ajustar a equipe. E optou por dar forças à comissão técnica.
“Em algum momento enquanto presidente do clube, vice-presidente, executivo, precisávamos dar uma tranquilidade à comissão técnica para que ela pudesse encontrar o melhor modelo de jogo para o elenco, dada à saída de atletas, queda de rendimento de outros. A gente precisava blindar [o técnico], por isso coloquei algumas vezes a cara a tapa e seguramos a onda em relação ao treinador”, afirmou.
“Por que a demora para sair? Vou repetir que foram questões circunstanciais. Entendi que tínhamos o melhor treinador da Série B, e não mudei a minha opinião. A gente achava que jogo a jogo as coisas iriam melhorar, iríamos voltar a ter a forma de jogar do primeiro semestre. A esperança sempre foi que com mais um jogo voltaria”, complementou.
Críticas ao presidente e questões políticas
Questionado sobre o sentimento ao receber muitas críticas da torcida, Yuri Romão admitiu que se sente triste, mas destacou que as cobranças são legítimas.
“Tranquilo, é legítimo por parte da torcida fazer as manifestações. Obviamente num momento difícil como esse que estamos enfrentando, aquelas pessoas alijadas do clube começam a se manifestar, o que também é legítimo. Obviamente, a gente fica triste, ninguém gosta de estar com a minha família, minha esposa e filha estão aqui fora, ouvindo o que eu estava ouvindo. Ninguém gosta. Mas estou há dois anos pagando conta e não é à toa, pessoas fizemos muito mal ao clube no passado. Pessoas querem voltar, acham que o futebol é o mesmo de uma década atrás”, disse.