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Capitão da Seleção, Danilo pede conscientização após casos Daniel Alves e Robinho

Jogador diz que é preciso se colocar no lugar das mulheres e que atletas precisam entender a importância de serem referência pela posição que exercem na sociedade

Danilo será o capitão da Seleção Brasileira contra a Inglaterra

Danilo, 32 anos, será o capitão da Seleção Brasileira no amistoso contra a Inglaterra, neste sábado (23), às 16h (de Brasília), no estádio de Wembley, em Londres. E o jogador da Juventus da Itália, criado no América, não fugiu da resposta quando questionado sobre se o mundo do futebol não deveria ter um posicionamento mais firme no combate à violência contra a mulher.

Sem entrar diretamente nos casos mais recentes de atletas condenados por estupro, os de Daniel Alves e de Robinho, Danilo pediu conscientização e ajuda da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para que desde a base atletas entendam que podem influenciar a sociedade para ajudar no combate a crimes sexuais.

“Como o jogador há mais tempo nesta Seleção é importante que eu fale dentro da amplitude do tema. É importante passar por essa conscientização dentro da base do Brasil, no futebol brasileiro passando pela base, mas refletir também só sobre isso acontecer apenas no futebol. É reflexo da sociedade. Nós enquanto atletas de alto nível temos que entender o papel, as ações, que elas têm poder maior de influenciar positivamente ou negativamente. Temos que entender o papel de jogar futebol, mas também de servir de exemplo de comportamento a toda a sociedade”, disse Danilo.

Ele contou que recentemente conversava com uma mulher e ela contou que se vê um caminhão parado na rua, tem medo de passar por trás e ser atacada. Por isso mudar o caminho.

“Nós homens não temos esse receio, esse medo. Temos que entender e se colocar no lugar de nossas mães, nossas esposas, nossas namoradas e saber o que as mulheres passam. O julgamento que sofrem por colocar uma roupa que pode dar um suposto precedente para ser atacada”, disse o jogador.

Ele foi o primeiro entre os jogadores a falar sobre o assunto na Seleção Brasileira em uma semana em que dois atletas com passagem pelo Brasil foram assunto por causa de condenações por estupro. Na Espanha, Daniel Alves, que cumpre pena de quatro anos e seis meses, poderá esperar em liberdade até que o recurso seja julgado, desde que pague 1 milhão de euros (R$ 5,5 milhões). Ele ainda não pagou.

Robinho, que é condenado a nove anos de prisão na Itália, foi preso depois que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) entendeu que ele deve cumprir a pena no Brasil. Ele já foi transferido a presídio na cidade de Tremembé, no interior de São Paulo.

"É importante iniciar essa conscientização, conversar e debater com os jovens, para uma forma mais genuína de reflexão, de sempre se colocar no lugar da mulher, de forma empática, e entender que a mulher vai ter a liberdade para ocupar o lugar dela onde ela quiser”, disse Danilo.

O Brasil joga na próxima terça-feira em Madri, contra a Espanha, amistoso no estádio Santiago Bernabéu, a partir das 17h30 (de Brasília). O jogo terá como tema o combate ao racismo, e a princípio o tema violência sexual não deve ser incluído.

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Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.