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Tabata é suspenso por vídeo que só a Conmebol tem; Palmeiras contesta decisão

Meia foi punido por quatro meses por supostamente cometer ato racista contra torcida do Cerro Porteño; Palmeiras diz que ele se defendeu

Bruno Tabata nega ter cometido ato racista; Palmeiras diz que reação do meia foi autodefesa

A suspensão de quatro meses do meia Bruno Tabata, do Palmeiras, por supostamente ter cometido ato racista contra torcedores do Cerro Porteño-PAR em um jogo da Copa Libertadores, em maio, teve como base um vídeo diferente daquele que viralizou nas redes sociais.

O Tribunal de Disciplina da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) decidiu pela punição ao analisar imagens enviadas pela diretoria do Cerro em que Tabata apareceria imitando macaco por duas vezes em direção aos torcedores.

O Palmeiras, apurou a Itatiaia, contesta a interpretação desse segundo vídeo e avalia que ele só reforça que Tabata foi vítima de racismo. A reportagem solicitou à Confederação Sul-Americana as imagens inéditas, mas elas não foram disponibilizadas.

Conmebol diz que punição tem de ser objetiva

Na decisão, assinada por três membros do tribunal da Conmebol, o argumento para a suspensão foi a de que é impossível distinguir se os gestos foram feitos como forma de autodefesa, como alega o Palmeiras. E que essa argumentação poderia ser usada em qualquer ato racista cometido, o que faz com que a decisão pela punição tenha que ser objetiva, não interpretativa, com base no que as imagens mostram.

O Palmeiras, em sua defesa enviada à Conmebol, diz que o atleta repete os gestos que está vendo a torcida do Cerro fazer, evidenciando o crime e respondendo a uma conduta preconceituosa. Que independentemente de qualquer gesto, não existe um homem pardo cometer ato de racismo contra homens brancos e que é até preconceituoso sustentar que isso é possível.

O clube tem a convicção de que houve erro por parte do tribunal disciplinar da Conmebol e que o caso pode ser revertido pela Comissão de Apelação - o departamento jurídico vai recorrer da decisão.

A partida foi em 24 de maio, no General Pablo Rojas, em Assunção, e o Palmeiras venceu o Cerro Porteño por 3 a 0, pela quarta rodada do Grupo C da Libertadores - o meia ficou no banco de reservas. Segundo o Palmeiras, Tabata e outros jogadores denunciaram que estavam sendo vítimas de atos racistas da torcida durante o aquecimento.

Por esses atos racistas cometidos, documentado no vídeo que viralizou nas redes sociais, onde atletas reservas do Palmeiras se aquecem próximos ao alambrado, entre eles Tabata, e são chamados de mono (macaco em espanhol), o Cerro foi punido pelo tribunal da Conmebol com multa de US$ 100 mil (R$ 478 mil) e parte da arquibancada de seu estádio fechada em próximo confronto por torneio sul-americano.

Tabata se defende

Em vídeo de defesa divulgado pelo Palmeiras na noite de sexta-feira (30), Tabata negou ter cometido ato racista.

“De forma completamente equivocada, fui denunciado pela equipe do Cerro Porteño pela prática de gestos racistas à torcida do clube paraguaio na nossa partida da Libertadores fora de casa, atos que não cometi de maneira alguma”, disse Tabata.

“O que aconteceu na realidade foi que eu ouvi a torcida gritando ‘mono’ para nós, jogadores, que estávamos em campo perto da arquibancada norte. Não falamos espanhol e não entendemos o que estava acontecendo. O Endrick fala comigo e pergunta o que estavam gritando. Quando a gente entendeu, eu devolvi a pergunta e quis entender se era isso mesmo, se estavam chamando a gente de macaco. Eu estava expondo o racismo que estava acontecendo da parte da sua torcida, porque são eles os responsáveis, não nós”, disse o jogador.

Tabata também questionou o fato de o Cerro Porteño, na denúncia, o considerar uma pessoa branca cometendo atos racistas.

“Acho importante comentar que o Cerro Porteño afirma que sou branco e por isso seria possível afirmar que fui racista com seus torcedores. Em primeiro lugar essa relação de causa e consequência não existe. Em segundo, me senti desrespeitado por esse argumento já que não me considero branco e sim um homem pardo. Não cabe ao clube identificar minha raça de forma acusatória”, completou Tabata.

A suspensão é válida somente para jogos de competições sul-americanas. O Palmeiras acredita que Tabata, de 26 anos, será liberado para jogar no mata-mata da Copa Libertadores, com jogos das oitavas de final ocorrendo no começo de agosto. O sorteio dos confrontos será na quarta-feira (5), às 13h (de Brasília).

Nos últimos dias surgiu o interesse do Cruzeiro em Tabata.

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.