O Náutico está entre a cruz e a espada. Membro-fundador da Liga Forte Futebol (LFF), o clube recebeu uma oferta muito abaixo das suas expectativas. O Timbu projetava receber algo em torno de R$ 62 milhões para a cessão de 20% dos seus direitos de transmissão pelos próximos 50 anos. A proposta foi de aproximadamente R$ 10 milhões. Se não assinar, sai do bloco; se assinar estará aceitando um valor que entende como “injusto”. O clube ainda não decidiu se irá ou não aderir ao bloco.
Em conversa com a Itatiaia, o presidente do Náutico, Diógenes Braga, explicou alguns prós e contras de estar dentro e fora da LFF - embora tenha deixado claro que está mais próximo de um “sim” do que um “não”. Pelo aceno positivo, ele recordou dos prejuízos que o Timbu sofreu por, no passado, ter ficado fora do antigo Clube dos 13.
“Eu entendo que o valor oferecido ao Náutico é injusto. Como sócio-fundador, não deveríamos estar fora dos critérios, ainda mais porque o contrato com o investidor é de 50 anos. Não é justo fazer o contrato baseado num recorte de 2023", começou por dizer.
“Mas entendo que não devemos ficar fora da liga, porque acho que é um movimento parecido, com similaridades ao que ocorreu ao Clube dos 13, que o Náutico não teve oportunidade de entrar. Isso gerou problemas históricos para o clube. Se precisamos entrar no processo de recuperação judicial para sanear o clube, isso aconteceu muito por termos ficado fora do Clube dos 13 e o abismo gerado por quem ficou dentro e fora”, acrescentou.
O Náutico foi um dos três clubes, ao lado do Atlético e do Internacional, que participaram da Assembleia Geral Extraordinária, realizada no último dia 30 de junho, na sede da XP Investimento, em São Paulo, mas que não assinaram a adesão à Liga Forte Futebol (LFF).
Os investidores, a brasileira Life Capital Partners (LCP) e a norte-americana Serengeti Asset Management, ofereceram aproximadamente R$ 10 milhões ao Náutico, que atualmente disputa a Série C do Campeonato Brasileiro. Muito abaixo dos demais clubes que estão nas Séries A e B. A queda do Timbu à Terceira Divisão acabou sendo crucial para a divisão dessas receitas.
“Do montante total dividido para os clubes, 1,5% seria destinado aos clubes são da LFF, mas que estão na Série C. Além do Náutico, o CSA, Figueirense, Operário e o Brusque. E neste montante, viria para o Náutico algo que gira na casa dos R$ 10 milhões. Analisando toda a documentação, vimos que temos até o dia 15 de setembro para nos posicionar”, afirmou Braga, que acenou uma tendência a aceitar a proposta.
“Além dessa cerca de R$ 10 milhões, temos que levar em consideração que esse valor é inicial. Dentro da liga há os valores recorrentes [relativos à cota de TV]: 45% de divisão de cotas igualitárias, 30% por desempenho técnico e 25% por engajamento, vendas de pacotes de TV etc. Esse valor, de forma orgânica, vai gerar um nivelamento maior para o clube”, destacou.
A decisão, entretanto, caberá a uma comissão definida pelo Conselho Deliberativo. Além de Diógenes Braga, decidirão pela assinatura ou não do contrato, o vice-presidente do executivo, Luiz Filipe Figueiredo, o presidente do Conselho Deliberativo, Alexandre Carneiro, o vice-presidente do Conselho, Pablo Vitório, e ainda o presidente do Conselho Fiscal do clube, Marcos Lavor.
Valor previsto para cada clube no acordo feito pela Liga Forte Futebol
Internacional: R$ 218 milhões
Atlético: R$ 217 milhões
Fluminense: R$ 213 milhões
Athletico-PR: R$ 203 milhões
Coritiba: R$ 159 milhões
Goiás: R$ 152 milhões
Sport: R$ 139 milhões
Ceará: R$ 121 milhões
Fortaleza: R$ 121 milhões
América: R$ 116 milhões
Avaí: R$ 94 milhões
Chapecoense: R$ 94 milhões
Juventude: R$ 93 milhões
Atlético-GO: R$ 91 milhões
Criciúma: R$ 62 milhões
Cuiabá: R$ 57 milhões
CRB: R$ 43 milhões
Vila Nova: R$ 38 milhões
ABC: R$ 33 milhões
Londrina: R$ 33 milhões
Tombense: R$ 26 milhões
Náutico: R$ 10 milhões
Figueirense: R$ 8 milhões
CSA: R$ 5 milhões
Brusque: R$ 5 milhões
Operário: R$ 5 milhões