Do “nevou” de Matheus Pereira às tranças de Gabigol, os visuais dos jogadores do
No entanto, pouca gente conhece quem é o responsável por isso. Seu nome é Yuri Cedro, de 28 anos, dono de um salão em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Quem entra no espaço e avista emolduradas as camisas da Raposa do volante Filipe Machado e do zagueiro Ramon já consegue deduzir que trata-se do “barbeiro dos jogadores”. A Itatiaia esteve na barbearia do profissional e desvendou os “mistérios” dos cortes dos cruzeirenses.
Como é ser o barbeiro de jogadores do Cruzeiro
Com uma clientela pesada, Yuri é um dos dois barbeiros que atende o elenco na Toca da Raposa II. Segundo ele, os cortes acontecem às vésperas de todos os jogos.
“No Cruzeiro, eu atendo Gabigol, Matheus Pereira, às vezes o Romero, Eduardo, Japa, Lautaro Díaz, Wanderson, Kauã Prates, Gamarra, o Murilo Rhikman começou a cortar também, Fabrício Bruno, às vezes. Cara, é toda véspera de jogo, isso é certeza. Eu nem aviso mais eles”, explicou à Itatiaia.
“Por exemplo, se o Cruzeiro jogar hoje, eu vou sempre no dia da viagem. É aquela correria toda. Os meninos brincam que eu tenho dez minutos para cortar o cabelo porque eles têm que viajar. Têm aqueles mais vaidosos, que gostam sempre todo jogo, mesmo se tiver dois na semana”, completou.
‘Nevou’ de Matheus Pereira
Em 2024, Matheus Pereira viveu momentos marcantes pelo Cruzeiro com o “nevou”. Nesta temporada, o meia trocou de visual e deixou o cabelo crescer, de volta à tonalidade natural.
Nas redes sociais, foi comum ver torcedores pedindo que MP10 retomasse a “skin lendário”, o que aconteceu, por “acidente”, no dia 13 de julho, contra o Grêmio. Curiosamente, o meia teve uma atuação de gala e deu duas assistências nesse dia, com vitória celeste por 4 a 1.
“Ele vai ficar bravo comigo (risos). Ele estava querendo deixar o cabelo crescer há um tempo, e a esposa estava grávida também. Ele falou que iria deixar o cabelo crescer. Na Inglaterra e na Arábia Saudita ele usava o cabelo grande”, iniciou Yuri.
“Até que um dia, a gente estava na Toca, ele falou assim: ‘Yuri, quero fazer luzes no cabelo’. Beleza, levei a touca, tudo certinho para fazer. Chegando lá, ele falou que a touca tinha ficado apertada. Aí ele disse ‘não precisa de touca, faz sem’, mas disse que não tinha como”, agregou.
“De tanto ele insistir, eu falei ‘vou fazer, mas não vai dar certo, te avisando antes’ (...) Quando deu 23h30, eu já tinha passado três mãos do produto, eu falei que o cabelo não aguentava mais. Na hora que tiramos e olhei no espelho, o cabelo estava muito feio, estava alaranjado e muito feio! Ele ainda virou para mim e falou que não ligava, que era tranquilo, aí eu disse: ‘mas eu ligo, quando sair na mídia, vão falar que foi o barbeiro do Pereira que fez’”, relatou o profissional.
“Ele foi e falou para eu raspar o cabelo dele e para eu voltar no dia seguinte cedo antes do jogo. Eu voltei no domingo de manhã e Cruzeiro e Grêmio jogavam 20h30. Cheguei às 7h30 no domingo, quando ele voltou do treino, começamos a platinar o cabelo. Ele disse ‘Yuri, Deus sabe de todas as coisas, fica tranquilo’. Ele já queria fazer o platinado há muito tempo, mas a esposa iria brigar (risos). Só que não teve saída, ele teve que fazer o platinado. Fizemos rapidinho, ficou do jeito que ele queria, e a skin do Pereira platinado não tem comparação! Ele fica terrível!”, completou.
Matheus Pereira brilhou na vitória do Cruzeiro sobre o Grêmio
Realização com Gabigol
Quando Gabigol foi contratado pelo Cruzeiro, os olhos de Yuri brilharam. Afinal, ter a oportunidade de cortar o cabelo de um fenômeno midiático seria um verdadeiro “canhão” para qualquer barbeiro.
Apesar disso, ele manteve as expectativas baixas. O caminho foi aberto pelos amigos do atleta, que posteriormente indicaram seu trabalho ao camisa 9.
“Eu atendi os amigos dele primeiro e fui sem pretensão nenhuma, não pedi indicação. Mas o amigo dele virou e disse que iria me indicar para o Gabigol e avisou que ele era um pouco chato com o cabelo”, explicou.
“Quando ele se apresentou no Cruzeiro (de manhã), no Mineirão, lembro que o Cruzeiro iria viajar para os Estados Unidos. De tarde, um amigo me mandou mensagem e disse que ele queria cortar o cabelo. De início, ele não conversou muito, fiz meu trabalho que tinha que fazer. Viajaram para os Estados Unidos e tudo, quando voltaram, ele me mandou mensagem de novo:'pô, mano, preciso fazer minha barba, o pezinho, tudo. Consegue vir aqui em casa?’. Eu fui na casa dele, atendi ele, é um cara super tranquilo, brinco que é totalmente o inverso do que a gente vê na mídia. Ele é surreal!”, comentou.
Gabigol comemora gol com a camisa do Cruzeiro
Vai ‘nevar’ de novo?
Gabigol viveu o melhor ano da carreira no Flamengo, em 2019, com o cabelo descolorido. Assim como foi com Matheus Pereira, torcedores pedem, nas redes sociais, a volta do penteado. Isso, no entanto, não deve acontecer por enquanto.
“Um tempo atrás lá na Toca, ele disse: ‘Yuri, todas as vezes que eu virar e falar que vou platinar o cabelo, você não deixa!’. O projeto dele é deixar o cabelo crescer mesmo. A skin do nevou vai demorar um pouquinho”, revelou.
Dia inesquecível com Ronaldo e o sonho de consumo
A carreira de Yuri atingiu um outro patamar em 2022, quando ele teve a oportunidade de atender Ronaldo, à época dono da SAF do Cruzeiro. O profissional relata com emoção e felicidade o episódio.
“Fui para o hotel, as pernas bambeando... Quando cheguei lá, o segurança me levou até o quarto dele. Bati na porta, abriu... era o homem. Caraca, o Ronaldo, velho! Para a gente que gosta de futebol, né, para o Cruzeiro nem se fala. Foi uma emoção muito grande ver onde meu trabalho chegou. Poucos chegam perto do Ronaldo, e Deus me permitiu atendê-lo”, relembrou.
Neymar é o grande sonho
Até o momento, Gabigol e Ronaldo ocupam os postos de maiores clientes de Yuri. O mineiro, no entanto, deixa guardado um espaço especial para seu maior sonho profissional: Neymar.
“Eu fiz a tatuagem dos momentos importantes para mim. Tem o Ronaldo, o Gabigol, a mão e o sorriso do meu filho. Esse espaço aqui estou deixando para o Neymar. É um sonho surreal. É um sonho um pouquinho distante, mas a gente acredita ainda!”, destacou.
Dicionário do ‘barbeirês’
- Nevou - gíria para o ato de descolorir ou pintar o cabelo de branco;
- Americano - estilo de corte caracterizado por laterais e parte de trás raspadas em degradê com o resto do cabelo;
- Moicano - estilo de corte caracterizado por laterais raspadas e volume na parte central.
