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Reinaldo detalha perseguição sofrida na ditadura: ‘Me senti preso, mesmo solto’

Ídolo do Atlético diz que regime usou boatos e monitoramento para tentar destruir sua imagem

Reinaldo e sua comemoração típica após mais um gol pelo Atlético

O ex-atacante Reinaldo, maior artilheiro do Atlético, se emocionou nesta terça-feira (2) ao relatar à Comissão de Anistia episódios de perseguição sofridos durante a ditadura militar. A comissão aprovou seu pedido de anistia política e uma indenização de R$ 100 mil, referentes a nove períodos de vigilância e difamação entre 1978 e 1986.

Em depoimento, Reinaldo disse que o simples gesto do punho cerrado - marca de suas comemorações e inspirado nos Panteras Negras - foi suficiente para transformá-lo em alvo do regime. “O gesto foi o bastante para acionar uma campanha gigantesca de difamação contra mim”, afirmou. Ele relatou que boatos sem fundamento eram espalhados para “destruir minha reputação, me associando a comportamentos desviantes e a ideias perigosas”.

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O ex-jogador destacou que, anos depois, documentos revelados mostraram o alcance da vigilância. “Os documentos que vieram à tona mostraram uma rede enorme de monitoramento do regime militar. Agentes do Estado, disfarçados ou não, me seguiam, observavam e anotavam cada passo que eu dava”, disse. “Minha vida privada virou um palco, um escrutínio. Eu sentia que não podia frequentar certos lugares, nem conversar com determinadas pessoas. A sensação de estar sempre sob a mira do Estado era constante.”

Segundo Reinaldo, esse ambiente afetou profundamente sua liberdade e bem-estar. “Isso gerou um medo, uma insegurança que tirava minha liberdade mais profunda, me fazendo sentir preso, mesmo estando solto”, relatou. Ele afirmou que as campanhas de difamação e a vigilância sistemática tiveram efeitos diretos em sua carreira profissional, incluindo a perda de oportunidades e convocações importantes, como a para Copa de 1982.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio

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