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Ceará faz campanha contra homofobia, mas parte da torcida ignora e mantém canto

No jogo contra o Vila Nova, nesta quarta, telão e alto-falante pediram fim de música com letra homofóbica, mas alguns torcedores vaiaram a iniciativa

Torcida do Ceará em jogo do time no Castelão; parte dos torcedores mantém cantos homofóbicos

A diretoria do Ceará promoveu uma campanha na partida contra o Vila Nova, nesta quarta-feira (19), pela Série B, contra cantos homofóbicos que parte da torcida do clube entoa na Arena Castelão quando se referem aos torcedores do principal rival do Vovô, o Fortaleza. Mas a ação foi vaiada.

A cada vez que a música era cantada, um aviso no telão aparecia, seguido pelo recado no alto-falante, de que homofobia é crime e que está proibido cantos dessa natureza nos jogos no Castelão. E toda vez que o recado aparecia, parte dos torcedores vaiava, e na sequência gritava ainda mais forte o canto homofóbico.

Em recente entrevista ao programa Esportes do Povo, na rádio O Povo/CBN, o diretor jurídico do Ceará, Fred Bandeira, disse que essas manifestações precisam acabar.

“A gente tem feito campanhas na Arena Castelão contra racismo e gritos homofóbicos. Nós temos um grito histórico, que todo jogo, principalmente nos clássicos, a torcida do Ceará faz esse grito, que tem um certo tom de homofobia. Isso tem que acabar. Temos que ir para o estádio para torcer e ver nosso time sair vitorioso do gramado”, disse Bandeira.

Recentemente, o Corinthians foi punido pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) a atuar em uma partida com os portões fechados por causa de gritos homofóbicos de sua torcida em um confronto contra o São Paulo, em maio, pela Série A do Brasileiro. O clube recorreu, mas o Pleno do tribunal confirmou e a pena será cumprida em 30 de julho, contra o Vasco.

Há um protocolo da Fifa que em caso de cantos racistas, homofóbicos ou xenófobos proferidos pelos torcedores, o árbitro deve parar o jogo e seguir três passos: primeiro pedir que os insultos acabem, por meio do telão e alto-falante; segundo, se não parar, manter o jogo interrompido e liberar os jogadores para os vestiários e, em terceiro, suspender a partida definitivamente.

No Brasil esse protocolo, normalmente, é ignorado. Em partidas do Fortaleza, o rival do Ceará, torcedores também têm canto homofóbico, semelhante aos fãs do Vovô. Nesta quarta, a torcida do Vila Nova devolvia as músicas dos rivais na mesma moeda, ou seja, com letras preconceituosas.

“Não cabem mais esses gritos. Acredito que seja algo para chamar a atenção, mas a torcida do Ceará é inteligente, e pode chamar a atenção de outras maneiras. Ninguém é mais do que ninguém, cada um vive da maneira que quiser e uma postura como essa da torcida é uma afirmação de adolescente que não tem cabimento”, disse o técnico do Ceará, Guto Ferreira.

O Ceará venceu o Vila Nova por 1 a 0, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B, e foi para a 8ª posição, com 28 pontos, a cinco do G4, grupo de quatro times que subirá para a elite ao fim das 38 rodadas.

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.