Num duelo também marcado por troca de socos e oito expulsões, jogadores do
Na nota do Londrina, o clube respalda o jogador Carlos Eduardo e outros nomes presentes no campo que denunciaram o suposto caso de preconceito ao árbitro Cleberton Ponce da Silva.
“Nosso atleta Matheus Costa foi vítima de ofensas raciais proferidas pelo jogador Eduardo Ribas, do Paraná Clube, fato este que foi imediatamente reportado à arbitragem da partida e registrado na súmula oficial do jogo. As manifestações racistas foram ouvidas por outros atletas em campo, que servirão como testemunhas no processo de investigação”, escreveu o clube.
O comunicado do Paraná diz que o clube repudia qualquer ação racista, mas afirma não haver comprovação de que o caso realmente aconteceu na partida realizada no Estádio Erton Coelho de Queiroz, em Curitiba.
“O Paraná Clube vem a público repudiar veementemente qualquer forma de racismo, discriminação ou preconceito. Sobre a acusação de racismo mencionada na Nota Oficial emitida pelo Londrina Esporte Clube contra o atleta Eduardo Ribas, o Paraná ressalta que não há qualquer evidência ou prova concreta que sustente a acusação mencionada, conforme indica a própria Súmula da Partida, na qual o árbitro descreve que não ouviu relato racista algum, contendo apenas a denúncia do atleta adversário”.
O Paraná também afirma ter sido formalizada uma manifestação ‘quanto à falsidade da acusação dirigida ao atleta Eduardo Ribas, a qual configura, em tese, o crime de calúnia’.
O que diz a súmula de Paraná x Londrina?
Ponce da Silva escreveu na súmula da partida que Carlos Eduardo, do Londrina, teria escutado o companheiro de equipe Matheus da Costa sendo chamado de ‘preto’ por Eduardo Ribas, do Paraná.
O árbitro diz ter parado o jogo e realizado o ‘protocolo antirracista’ – imposto pela Fifa para repudiar os atos e mostrar à torcida que está ocorrendo.
Na sequência, Carlos Eduardo correu até Eduardo e ‘desferiu um soco em sua nuca’. A partir daí, virou uma confusão coletiva que terminou em oito expulsos (cinco do Londrina e três do Paraná).
Veja a súmula na íntegra
“Aos 43 minutos do 2º tempo, durante o reinício de jogo, após o terceiro gol do time mandante, fui comunicado pelo atleta Carlos Eduardo de Melo, nº 03, da equipe Londrina, que o seu companheiro de equipe, nº 04, Matheus da Costa, supostamente, havia sofrido um ato de racismo, ao ser chamado de “preto” pelo adversário Eduardo Orlov Ribas, nº 22, da equipe Paraná Clube. Não presenciei o ato, mas respeitando a problemática do caso, cumpri o “protocolo antirracista” delimitado pela FIFA e reiterado pelas “Orientações administrativas” da Federação Paranaense de Futebol, realizando o sinal antirracista (braços cruzados em X) em frente aos bancos de reservas e frontal ao público presente no estádio para comunicar simbolicamente o ocorrido. Pouco depois do sinal, o atleta Eduardo de Melo correu até o suposto infrator e desferiu um soco em sua nuca”.
Jogadores expulsos
- Carlos Eduardo de Melo, Hiago Mendes, Lucas Gabriel, Kauã Jonathan e Gustavo da Costa (Londrina)
- Eduardo Ribas, Jenilson e Diego Clau (Paraná)
O que diz a Federação Paranaense de Futebol?
A Federação Paranaense de Futebol (FPF) disse à Itatiaia estar checando os fatos ocorridos na partida. A entidade ainda vai analisar a súmula do árbitro, e já ressalta o compromisso no combate ao racismo.
*em breve mais informações.
Nota do Londrina na íntegra
O Londrina Esporte Clube vem a público manifestar-se a respeito do lamentável episódio de injúria racial ocorrido durante a partida contra o Paraná Clube, no último sábado (26), válida pela 4ª rodada do Campeonato Paranaense Sub-20.
Sobre o incidente
Nosso atleta Matheus Costa foi vítima de ofensas raciais proferidas pelo jogador Eduardo Ribas, do Paraná Clube, fato este que foi imediatamente reportado à arbitragem da partida e registrado na súmula oficial do jogo. As manifestações racistas foram ouvidas por outros atletas em campo, que servirão como testemunhas no processo de investigação.
Posicionamento do clube
O Londrina Esporte Clube reafirma seu compromisso absoluto com o combate ao racismo e a todas as formas de discriminação. Ressaltamos que:
- Daremos total apoio ao nosso atleta Matheus Costa, que merece respeito e dignidade como profissional e ser humano;
- Encaminharemos denúncia formal aos órgãos competentes da Justiça Desportiva solicitando investigação rigorosa e punição exemplar ao responsável, bem como já foi lavrado o Boletim de Ocorrência relatando o caso, e tomaremos todas as medidas cabíveis também na esfera criminal;
- Não aceitaremos que tais episódios sejam tratados com descrédito ou minimizados, como sugerido na nota emitida pelo Paraná Clube;
- Manifestamos nosso repúdio à tentativa de inversão dos fatos, transformando a vítima em acusado.
Sobre os incidentes físicos
Reconhecemos que houve alteração entre atletas durante a partida, situação que será avaliada pelas autoridades competentes e pelo departamento jurídico do clube. No entanto, ressaltamos que tais fatos não podem e não devem ser usados para ofuscar a gravidade da injúria racial cometida.
Compromisso com a verdade
O Londrina Esporte Clube, como instituição com mais de 69 anos de história no futebol paranaense, reafirma seu compromisso com a verdade e com a construção de um ambiente esportivo livre de racismo e preconceito. Não mediremos esforços para que este triste episódio resulte em medidas concretas de combate ao racismo no futebol.
Permanecemos à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos adicionais e aguardamos que a justiça seja feita.
Nota do Paraná na íntegra
“O Paraná Clube vem a público repudiar veementemente qualquer forma de racismo, discriminação ou preconceito. Nossa instituição tem como princípio inegociável – desde a sua origem – o respeito à diversidade e à dignidade de todos os envolvidos no esporte e na sociedade.
Sobre a acusação de racismo mencionada na Nota Oficial emitida pelo Londrina Esporte Clube contra o atleta Eduardo Ribas, o Paraná ressalta que não há qualquer evidência ou prova concreta que sustente a acusação mencionada, conforme indica a própria Súmula da Partida, na qual o árbitro descreve que não ouviu relato racista algum, contendo apenas a denúncia do atleta adversário.
Ao contrário do que diz a nota da equipe adversária, reforçamos nosso compromisso com o combate ao racismo e com a promoção de um ambiente de respeito no futebol brasileiro. Não aceitaremos, contudo, que acusações sem comprovação manchem a reputação de nossos profissionais ou da nossa instituição.
O Clube também repudia a postura de alguns atletas da comissão técnica do Londrina Esporte Clube na partida do último sábado (26), pelo Campeonato Paranaense Sub-20, na qual o Paraná sagrou-se vencedor pelo placar de 3 a 1.
Na oportunidade, o zagueiro Matheus Costa, camisa 4 do Londrina, ocupou-se em proferir provocações aos atletas e ao banco de reservas paranista durante todo o segundo tempo, com termos agressivos e depreciativos contra nossos atletas e agremiação.
Em ato contínuo, ao fim da partida, o jogador Cadu Cezarino, camisa 3 do time visitante, agrediu nossos atletas em campo e, em seguida, invadiu nosso vestiário, onde lamentavelmente veio a agredir nosso nutricionista Rafael Gonçalves, o qual teve seu nariz fraturado por conta da covarde e infeliz agressão, conforme mostram as imagens acima.
Após o término da partida, o nutricionista Rafael Gonçalves e o atleta Eduardo Ribas, este último indevidamente acusado de haver proferido ofensas de cunho racial, imputação esta desprovida de qualquer prova concreta, compareceram à Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (DEMAFE) para prestar depoimento e registrar Boletim de Ocorrência em razão da agressão física sofrida em campo, devidamente registrada por imagens.
Ademais, foi formalizada manifestação quanto à falsidade da acusação dirigida ao atleta Eduardo Ribas, a qual configura, em tese, o crime de calúnia, nos termos do artigo 138 do Código Penal Brasileiro, por consistir na imputação falsa de fato definido como crime a outrem. Ressalte-se, ainda, que tal imputação recai sobre pessoa menor de 18 anos, o que aumenta a gravidade da situação e exige a observância rigorosa dos princípios da presunção de inocência e do devido processo legal, previstos na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente.
O clube segue confiando na conduta ética dos nossos atletas e membros da comissão técnica, e se coloca à disposição das autoridades competentes, caso haja qualquer apuração formal dos fatos.
Por fim, o Paraná reitera que não medirá esforços para que todas as medidas cabíveis sejam rigorosamente aplicadas nas esferas civil, penal e desportiva.”