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Formiga, lenda da Seleção, celebra Copa de 2027 no Brasil: ‘Mulher não podia jogar’

Ex-jogadora é a recordista de participações em Copas, independentemente do gênero; ela esteve na comitiva brasileira na eleição que deu evento feminino ao Brasil

Formiga (à esquerda) no palco com presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, após anúncio da Fifa da vitória brasileira para Copa de 2027

Formiga é a única jogadora de futebol, independentemente do gênero, a jogar sete Copas do Mundo. Ela esteve na comitiva da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que participou do Congresso da Fifa em Bangkok, na Tailândia, e que elegeu o Brasil como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027. Será a primeira edição da competição na América do Sul.

A lenda da Seleção Brasileira, de 46 anos e mais de 230 jogos com a amarelinha, se aposentou da equipe em 2021, mas tem no currículo os mundiais de Suécia 1995, Estados Unidos 1999 , Estados Unidos 2003, China 2007, Alemanha 2011, Canadá 2015 e França 2019. Ele participou de 27 partidas, com o vice-campeonato em 2011.

Na celebração de o país ser a sede da 10ª edição da Copa Feminina, Formiga relembrou que por décadas as mulheres foram proibidas de jogar futebol no Brasil.

“Por volta das décadas de 1950, 1960 e 1970, o futebol feminino foi proibido no Brasil. Temos ex-jogadoras de futebol que foram presas porque jogavam futebol e foram essas jogadoras que, com coragem e determinação, superaram essas proibições e conquistaram a liberdade, para que hoje eu e tantas outras meninas tenhamos a liberdade de jogar futebol sem essas proibições”, disse Formiga após o evento da Fifa na Tailândia.

A proibição começou em 1941, durante a ditadura do Estado Novo, com o país sob o governo de Getúlio Vargas. O decreto-lei tirava das mulheres o direito de praticar esportes por “incompatíveis com as condições de sua natureza”. Era comum forças policiais encerraram partidas de mulheres que ocorriam clandestinamente em todo o território.

A proibição seguiu durante períodos de democracia, nas décadas de 1950 e início de 1960, e na ditadura militar, de 1964 a meados dos anos 1980. Em 1983, o CND (Conselho Nacional do Desporto) voltou a considerar a prática do futebol feminino aceitável.

“Sinto que isto é uma recompensa: tendo a oportunidade de sediar a Copa do Mundo Feminina, cada uma delas tem um papel na realização disso. Porque eu não sofri metade do que eles sofreram. Então hoje é o resultado do que todas elas fizeram pelo futebol feminino, não só no Brasil, mas no mundo todo”, continuou Formiga.

O projeto brasileiro

A CBF sugeriu na proposta enviada que a Copa comece em 24 de junho de 2027, uma quinta-feira, com a abertura no Maracanã, no Rio, em jogo da Seleção Brasileira pelo Grupo A. A final seria em 25 de julho, no mesmo palco, um domingo. Essas datas também são apenas uma sugestão neste momento, e podem mudar a depender das necessidades comerciais da Fifa.

A entidade indicou dezenas de CTs e estádios menores espalhados pelo Brasil para os treinamentos das 31 Seleções que viajarem ao país para a competição. Os 44 CTs ou campos para treinamento foram apontados em 39 cidades diferentes, de 12 estados.

O estádios propostos

  • Mineirão (Belo Horizonte)
  • Beira-Rio (Porto Alegre)
  • Mané Garrincha (Brasília)
  • Arena Pantanal (Cuiabá)
  • Arena da Amazônia (Manaus)
  • Arena Fonte Nova (Salvador)
  • Arena de Pernambuco (Recife)
  • Arena Castelão (Fortaleza)
  • Maracanã (Rio)
  • Neo Química Arena (São Paulo)

Todos foram usados na Copa do Mundo Masculina de 2014 e este foi um dos principais argumentos da candidatura brasileira durante o processo de escolha, o fato de não precisar gastar dinheiro na construção de novos equipamentos. Mas a vitória não significa que essas arenas que estavam no projeto serão de fato aquelas usadas no Mundial.

Podem haver mudanças nos próximos meses, a depender de novas vistorias da Fifa. É, no final das contas, a entidade quem decidirá. A Arena Pantanal, em Cuiabá, por exemplo, recebeu nota baixa dos avaliadores. A capital do Mato Grosso também foi mal avaliada em quesitos como local para a Fan Fest e acomodações, para delegações e torcedores.

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Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.