Ouvindo...

Árbitra da estreia do Brasil na Copa Feminina foi atacante do Liverpool

Cheryl Foster, 42 anos, tem carreira atípica no futebol: foi jogadora até de Seleção, mas ao se aposentar decidiu pela arbitragem

Cheryl Foster já sentiu sensações opostas em um campo de futebol: a de comemorar um gol feito por ela, nos tempos em que era atacante, e a de anular um gol, agora que virou árbitra. A galesa de 42 anos foi escalada pela comissão de arbitragem da Fifa para apitar a estreia do Brasil na Copa do Mundo Feminina contra o Panamá, nesta segunda-feira (24), em Adelaide, na Austrália.

O confronto começa às 8h (de Brasília), é válido pelo Grupo F, que conta também com França e Jamaica, e terá transmissão ao vivo por TV Globo, SporTV, Cazé TV, o canal no Youtube do streamer Casimiro Miguel, e pelo Fifa+, o streaming da federação internacional de futebol. O torneio será disputado até 20 de agosto na Austrália e na Nova Zelândia.

Foster tem uma carreira atípica no futebol. Foi uma atacante talentosa, que jogou por nove anos no Liverpool, entre 2003 e 2012, e por 14 anos pela Seleção do País de Gales, onde atuou por 63 vezes, mais do que qualquer outra jogadora. Ao se aposentar, em 2013, intensificou seu trabalho na área da educação física, onde dá aula em escola, pensou em ser técnica, mas optou pela arbitragem.

“Tudo o que eu queria fazer era tentar e ver até onde eu poderia chegar [na arbitragem]”, disse Foster em entrevista ao site Wales Online. “Mas em alguns anos eu tinha um distintivo da Fifa e estava representando o País de Gales novamente em jogos internacionais. Realmente fiquei entusiasmada. Percebi que pode ser um dos papéis mais difíceis que você pode fazer, mas também é um dos mais gratificantes”, disse a árbitra.

O distintivo Fifa ela obteve em 2015, pouco mais de dois anos depois de fazer o curso e se tornar árbitra, também algo pouco comum já que há profissionais que demoram anos para conseguir a promoção que permite trabalhar em jogos internacionais, como a Copa do Mundo Feminina.

Mas o sonho com o apito de Foster chegou ao ápice antes ainda da Copa. Em 3 de junho, na cidade holandesa de Eindhoven, o Barcelona-ESP venceu o Wolfsburg-ALE por 3 a 2, de virada, na final da Liga dos Campeões Feminina. E Cheryl Foster foi a árbitra.

“Eu não sabia aonde essa jornada iria me levar. Mas sempre digo agora que, quando era jogadora, gostaria de ter feito um curso de árbitro, porque assim teria percebido o quão difícil é o papel”, disse ao site oficial da Uefa, durante a Eurocopa Feminina de 2022, torneio que no qual também trabalhou. Como o País de Gales não se classificou para a Copa, perdeu a vaga para a Suíça, Foster tem uma vantagem sobre outras árbitras bem cotadas pela comissão da Fifa para apitar nas fases finais da competição: o bloqueio que ocorre para profissionais quando seu país avança até as semifinais.

Normalmente, equipes de arbitragem desses países deixam o torneio se sua Seleção está entre as quatro melhores. É o que pode ocorrer com a brasileira Edina Alves, bem avaliada pela Fifa após apitar um dos jogos de abertura, a vitória de 1 a 0 da Austrália sobre a Irlanda. Ela almeja até uma final, desde que o Brasil se despeça logo da Copa. Esse problema Foster não terá.

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.
Leia mais