Enviados especiais a Doha - “Outros jogadores estão surgindo em uma geração que é impressionante. Daqui a pouco vai aparecer a finta de um lance do Antony, uma assistência do Vini, uma criatividade do Richarlison na hora de finalizar, um cabeceio do Pedro, o Jesus ia fazer o gol no lance do segundo tempo, isso vai aparecer. Eles têm essa capacidade criativa. O Rodrygo corre que parece que tem a bola grudada no pé”. Esta análise de Tite sobre parte dos seus jovens atacantes foi antes de o Brasil encarar a Suíça, em 28 de novembro, pela segunda rodada do Grupo G, no primeiro confronto sem Neymar.
Foram apenas 80 minutos do craque do PSG em campo neste Mundial, na estreia, nos 2 a 0 sobre a Sérvia, em 24 de novembro, no Lusail Stadium. E neste período foram vividos os melhores momentos do Brasil no Catar.
Neymar teve participação direta nos dois gols diante dos sérvios, marcados pelo centroavante Richarlison. Quando saiu de campo, aos 34 minutos do segundo tempo, por causa da lesão no tornozelo direito, não se tinha a dimensão do tamanho do seu problema médico e do que ele criaria para Tite e sua comissão técnica.
Sem o maior craque em campo, a Seleção atuou por 219 minutos. E balançou a rede adversária uma vez, com o veterano volante Casemiro marcando.
Segurança
A qualidade dos garotos, tão destacada por Tite e seus auxiliares, não foi levada pelo vento de uma tempestade de areia no Catar. Mas está evidente que Copa do Mundo é algo muito diferente de jogar em clube.
E a imagem é de que a aposta foi muito alta no bom momento vivido por vários dos jovens em suas respectivas equipes. “A partir do momento que você quer transmitir alguma coisa para os mais novos, que são de alto nível, é preciso passar tranquilidade e para ele não se acanhar numa Copa do Mundo. Seguir fazendo o que fazia no seu clube, pois se está aqui conosco é o bom trabalho que o trouxe para estar aqui com a gente”, afirmou o volante Casemiro, único a balançar a rede após a lesão de Neymar, na primeira entrevista após a estreia brasileira.
É difícil definir o que provoca a ausência do camisa 10 na Seleção, talvez nem seja o acanhamento temido por Casemiro, mas a evidência de ser ele o maestro da equipe de Tite é muito clara. É sem dúvida uma segurança repassada aos garotos.
Outro grande líder do grupo e companheiro de Neymar no PSG, o zagueiro Marquinhos, antes de o Brasil encarar a Suíça, teve a seguinte posição sobre as ausências no time por lesão: “o professor queria ter os 26 jogadores disponíveis para ele. Já mostramos antes e o grupo é forte. Está bem treinado e pronto para qualquer divergência que tiver na Copa do Mundo. Nem sempre o time que começa é o que vai terminar. Precisa ter essa sabedoria de que todos têm papel importante. No último jogo (estreia, contra a Sérvia) já vimos a importância de quem entra”.
Quem entrou contra a Sérvia encontrou um placar de 2 a 0, com dois gols que tiveram a participação direta de Neymar. Realmente, numa Copa, nem sempre o time que começa é o que vai terminar. No caso da Seleção Brasileira, ter o seu camisa 10 parece ser fundamental para que se tenha a chance de terminar bem.