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Brasil aposta alto: iGaming vira mercado de R$ 24 bilhões em meio à regulamentação

País vive transformação no setor de jogos digitais, mas ainda enfrenta desafios com operadores não licenciados

Brasil vê explosão no mercado de apostas online e iGaming

O mercado brasileiro de apostas online e iGaming está passando por uma revolução. De acordo com dados apresentados em uma palestra de Ed Birkin, Diretor Executivo na H2 Gambling Capital, na última quarta-feira (9), no BiS SiGMA Américas 2025, o volume movimentado pelo segmento saltou de R$ 5 bilhões em 2019 para R$ 24 bilhões em 2024, um crescimento de quase 400% em apenas cinco anos.

Esse salto reflete não apenas a crescente popularização dos jogos online no país, mas também a recente regulamentação do setor, que tem proporcionado maior visibilidade e estrutura às operações. Ainda assim, o mercado enfrenta uma série de desafios, especialmente no que diz respeito à atuação de operadores ilegais.

Regulamentação e Receita Bruta de Jogos

A lista atual de operadores licenciados de apostas e iGaming no Brasil já começa a mostrar a força do setor regulado. Em janeiro, essas empresas geraram R$ 1,45 bilhão em Gross Gaming Revenue (GGR) — Receita Bruta de Jogos, em português — enquanto fevereiro registrou R$ 1,4 bilhão. Os números reforçam a importância da nova estrutura legal para a arrecadação e o controle da atividade.

Dentro desse universo, o iGaming — que inclui jogos de cassino online como roleta, poker e, principalmente, caça-níqueis — representa 54% do GGR total. Os caça-níqueis, aliás, são o produto mais popular da vertical, com grande aceitação entre os jogadores.

Mercado dividido entre legal e ilegal

Apesar dos avanços na regulamentação, uma parcela significativa da atividade ainda ocorre em plataformas não licenciadas. Estima-se que 28% do GGR de fevereiro — aproximadamente R$ 549 milhões — tenha vindo de sites offshore, ou seja, fora da jurisdição brasileira. Quando considerada também a atividade “invisível” (que não é detectável por tráfego web ou afiliados), o valor total do mercado não regulado pode ultrapassar os R$ 2,5 bilhões mensais.

Um dos motivos pelos quais jogadores continuam usando plataformas ilegais é o custo. Sites offshore muitas vezes oferecem preços mais atrativos para apostadores de alto valor, enquanto operadores licenciados tendem a atrair o mercado de massa com bônus mais generosos e uma experiência de usuário mais acessível.

Comportamento do consumidor: quem são os jogadores?

A análise do perfil dos jogadores brasileiros revela uma clara segmentação. Os 2% dos apostadores considerados “de altíssimo valor” são responsáveis por mais de 20% da receita total — e possivelmente até mais. Esses consumidores dão grande importância à qualidade do produto, buscam ofertas competitivas e, em muitos casos, possuem três ou mais contas ativas em diferentes plataformas.

A preferência regional também influencia: o Sudeste concentra os jogadores com maior poder aquisitivo, enquanto regiões com menor renda tendem a valorizar mais a simplicidade de uso do que a variedade ou profundidade dos jogos.

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Perspectivas para os próximos anos

As projeções para o setor são otimistas. Espera-se que o mercado brasileiro de apostas online e iGaming atinja R$ 28 bilhões já em 2025, com potencial para chegar a quase R$ 50 bilhões até 2029. A participação dos operadores offshore no mercado visível deve cair dos atuais 25% para apenas 10% até o fim da década, impulsionada por maior fiscalização e conscientização do público.

Ainda assim, especialistas alertam que será necessário um trabalho contínuo para combater a atuação ilegal e garantir que o crescimento do setor se traduza em benefícios reais para o país — seja em arrecadação, geração de empregos ou proteção ao consumidor.

Iúri Medeiros é formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Passou pela Gazeta Esportiva, onde estagiou e posteriormente cobriu o dia a dia do Corinthians. Além do noticiário do Timão, participou da cobertura de jogos de Palmeiras, Santos e São Paulo, além de eventos na capital paulista, como a São Silvestre. Na Itatiaia, acompanha Corinthians e Santos.