Liniker chega de mansinho atrás de um pano transparente que cobre o palco e só deixa entrever sua sombra. A voz potente, segura, toma conta do Be Fly Hall, em Belo Horizonte, e faz um chorar, outra gritar, um monte cantar junto até que cai o pano e ela se revela ali, imensa.
Bastam poucas frases para quem ainda não é completamente linikerizado entender por que está diante de uma das maiores cantoras do Brasil atualmente.
BH recebeu, neste sábado (25) e domingo (26),
Ela se lembra dos Caramelows, banda que a acompanhou nos dois primeiros discos, e emenda “Remonta” e “De ontem”, canções intimistas incrivelmente compostas antes dos 20 anos, e “Psiu”, que ela explica ser a experiência de se jogar no mar. Ela dança, corre, rola pelo palco como se estivesse à vontade na sala de casa.
Em “Baby 95” há uma “câmera do beijo” que vai rodando a plateia em uma celebração de toda forma de amor que aparece ao vivo no palco.
Grammy
Liniker ganhou o Grammy Latino 2022 de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira por “Índigo Borboleta Anil”, seu terceiro álbum. Foi o primeiro grammy de um artista transgênero no Brasil e ajudou a cantora, até então idolatrada em um circuito musical mais restrito, a alcançar um público mais amplo.
Mostra disso é que o primeiro show da turnê de “Índigo Borboleta” em BH, em 2022, foi em uma casa com capacidade para menos de mil pessoas. Com “Caju”, Liniker lotou a maior casa de shows da capital mineira, com 5 mil pagantes. Por duas noites seguidas.
A interação com os fãs é tudo menos tímida: ela faz desafios para o público cantar falsetes em “popstar”; abre uma fileira na plateia para o povo se jogar em “Pote de Ouro” - um dos pontos altos do show - e, surpresa! Decide se jogar na galera da primeira fila para um stage diving, e vai passando por cima daquele mar de fãs. “Eu já me sinto de BH”, confessa a cantora, e não parece um jogo de cena.
A próxima parada de Liniker em BH está marcada para o dia 24 de maio, no festival Sarará. Em seguida, segue para o Coala, em Portugal, e em junho leva a turnê para Holanda, Bélgica, França, Irlanda e Inglaterra.
A música que fecha o show é “Deixe Estar”, parceria com Lulu Santos e Pabllo Vittar, e garante que um “sonho colorido veio me dizer pra eu ficar tranquila. Tudo vai dar bom, bebê". Deixa estar, só o mistério vai te guiar.
Com quatro álbuns potentes, haveria ausências. Pena que, em BH, faltaram justamente “Calmô” e “Zero”. A gente fica mordido, não fica?