Alain Delon morreu neste domingo (18), aos 88 anos, em sua residência em Douchy, a cerca de 130 km de Paris. A notícia foi confirmada por seus três filhos. Desde 2019, o astro enfrentava problemas de saúde após sofrer um AVC.
Nascido em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, França, Delon iniciou sua vida profissional aos 14 anos como aprendiz de açougueiro ao lado do pai. Em 1953, alistou-se como fuzileiro naval na Marinha Francesa e participou de combates na guerra colonial no Vietnã, sendo dispensado em 1956.
Sua carreira de ator começou em 1957 com uma pequena participação no filme Uma Tal Condessa, de Yves Allégret. Após essa produção, o intérprete rapidamente ganhou notoriedade com papéis em filmes como O Sol por Testemunha (1960), Rocco e Seus Irmãos (1960), O Leopardo (1963), O Samurai (1967), A Piscina (1969) e Cidadão Klein (1976).
O astro participou de mais de 90 produções cinematográficas e colaborou com renomados cineastas como Louis Malle, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Melville, Luchino Visconti, René Clément e Jacques Deray.
Apesar de sua beleza marcante ter atraído a atenção do público e contribuído para sua fama de galã, Delon demonstrou que seu talento ia além da aparência, consolidando sua carreira internacional e recebendo o prêmio César de Melhor Ator em 1985.
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Saúde debilitada
Em 2019, durante o Festival de Cannes, Alain Delon refletiu sobre o fim de sua carreira ao receber uma Palma de Ouro honorária, poucas semanas antes de sofrer o AVC que o debilitou. Na cerimônia, Delon destacou que, apesar de ter permanecido na carreira por 62 anos, o mais difícil seria partir, e expressou sua gratidão ao público.
“Esta noite, mais do que o fim de uma carreira, acho que é o fim de uma vida. É uma espécie de homenagem póstuma… em vida. Quando comecei, me disseram que o mais difícil era durar. Eu durei 62 anos. Mas agora sei que o mais difícil é partir. E vou partir, mas não sem antes agradecer. Se hoje sou uma estrela, devo ao público e a mais ninguém.”
Nos últimos anos, o ator manifestou publicamente seu descontentamento com os problemas de saúde decorrentes do envelhecimento: “Envelhecer é uma merda! Você não pode fazer nada sobre isso. Você perde o rosto, perde a visão. Você se levanta e, caramba, seu tornozelo dói”, desabafou Delon antes de ser hospitalizado após o AVC. O astro também abordou abertamente temas como suicídio e eutanásia em entrevistas.
Em março de 2023, seu filho, Anthony Delon, revelou que o pai havia decidido recorrer ao suicídio assistido, um procedimento legal na Suíça, onde Alain Delon residia. Delon chegou a usar as redes sociais para se despedir: “Gostaria de agradecer a todos que me acompanharam ao longo dos anos e me deram grande apoio. Espero que futuros atores possam encontrar em mim um exemplo, não só no trabalho, mas na vida cotidiana, entre vitórias e derrotas. Obrigado, Alain Delon”, escreveu ele em seu Instagram.
O presidente francês Emmanuel Macron lamentou a morte do ator, afirmando em uma postagem na rede social X (antigo Twitter) que Delon “encarnou papéis lendários e fez o mundo sonhar”. “Melancólico, popular, secreto, foi mais que uma estrela: um monumento francês.”
