O diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, fundador do Teatro Oficina, morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos, por consequências das queimaduras em um incêndio em seu apartamento no bairro Paraíso, na Zona Sul de São Paulo, na última terça (4). Ele estava internado no Hospital das Clínicas de São Paulo e sofreu falência múltipla dos órgãos nesta manhã.
O incêndio aconteceu na manhã de terça, e a principal suspeita é de que tenha começado com um curto-circuito em um aquecedor. Seu marido, Marcelo Drummond, também foi internado em consequência do ocorrido.
Nascido em Araraquara (São Paulo), Zé Celso participou da fundação do Teatro Oficina, um dos mais icônicos da dramaturgia brasileira. Uma das montagens mais famosas da trupe foi O Rei da Vela (1967), inspirado no livro de Oswald de Andrade de 1933. Com linguagem ousada, elementos visuais agressivos, a peça chocou e impressionou o público. Tornou-se referência para produções e artistas que se seguiram.
O dramaturgo foi essencial para uma mudança na linguagem e no uso do espaço cênico no teatro brasileiro, com multiplicidade de elementos justapostos e forte interação com a plateia. Também é uma marca a luta contra o moralismo e o conservadorismo, com presença de escatologia e nudez em suas montagens.
Outra peça icônica do Oficina foi Roda Viva, de Chico Buarque, com Marília Pêra e Antônio Pedro nos papéis principais, que desafiava diretamente a ditadura. No período militar, foi preso e torturado, exilando-se depois em Portugal.
Zé Celso também se dedicou à pesquisa teatral e tem produções no cinema como ator, roteirista e diretor. A adaptação de O Rei da Vela (1982) levou prêmios de melhor montagem e melhor trilha sonora no Festival de Gramado.
O dramaturgo e seu marido, que é ator do Oficina, se casaram em junho, na sede do teatro. Eles viveram juntos por 37 anos.