O artista gráfico brasileiro Hidreley Diao tem ganhado repercussão internacional ao criar imagens que simulam como personagens de animações seriam se existissem e que reconstroem os rostos de artistas famosos já mortos. Além disso, ele também retrata como estariam atualmente pessoas que morreram vítimas de crimes brutais – trata-se do projeto “Para Não Esquecer”.
Hidreley acredita que esta é uma forma de fazer justiça aos mortos que cairiam no esquecimento. “Sempre que eu vejo algum crime que não se comenta mais eu tento despertar o interesse das pessoas a partir das minhas artes e pelas minhas redes sociais”, explica.
Sensibilizada, a irmã de uma das vítimas da tragédia da Boate Kiss, Dany Santos, pediu que Hidreley simulasse como seria o rosto de Taise Santos, se ela não tivesse morrido. “A ideia surgiu quando eu vi as fotos feitas para relembrar os dez anos de impunidade em janeiro deste ano. Fiquei tão empolgada e olhando o Instagram dele, me identifiquei muito”, conta.
A irmã de Dany foi morta na Boate Kiss quando tinha apenas 24 anos – outras três amigas dela também morreram na ocasião. “Quatro meninas, nenhuma sobreviveu. Ninguém achava ela. Nos a encontramos às 18 horas do domingo, a identificamos pela tatuagem...”, detalhou a irmã em um comentário nas redes sociais.
A imagem criada por Hidreley foi uma forma encontrada pela família para amenizar a saudade que sente de Taise. “Estamos utilizando as mesmas fotos há 10 anos para homenageá-los. E a ficha vai caindo, a saudade aumentando. É uma dor que nunca cessa” explica Dany.
Confira a imagem abaixo:
Ela conta ainda que quando as pessoas da família viram o retrato criado por Hidreley, todos se emocionaram. “Eles não esperavam que fossem ter esse presentão, né? Então, foi bem legal”. De acordo com ela, a foto ficou muito parecida com a mãe dela mais jovem, o que, para ela, é um indicativo de que a arte foi muito bem feita.
“A gente já sabia que a Taíse tinha os ares [da mãe delas]. Ela tinha os traços parecidos com os da minha mãe, mas a gente não conseguia imaginar porque as fotos pararam no tempo e a gente não consegue imaginar como ia ser né? Quando eu vi a foto assim, a cara da minha mãe, foi bem chocante. Então, é o que mostra que realmente é bem perfeita a arte dele, né?”, disse Dany.
Além de Taise, o projeto Hidreley também simulou como seriam outras vítimas de crimes brasileiros emblemáticos. Eloá, Liana Friendenbach, Eliza Samudio, MC Daleste e Isabela Nardoni são algumas das pessoas homenageadas pela iniciativa.
(Sob supervisão de Lara Alves e Patrícia Marques)