O ano de 2022 ficou marcado pela despedida de grandes astros da música brasileira. Em janeiro, o país deu adeus a Elza Soares, eleita a cantora do milênio pela BBC de Londres na virada do ano 2000.
Com uma voz rouca capaz de emitir graves e grooves que encantaram até Louis Armstrong, Elza morreu aos 91 anos, deixando para as futuras gerações um legado de força e determinação, calcado na beleza de uma voz que não enxergava fronteiras e desafiou um país desigual, racista e patriarcal.
Depois de consagrar sambas como “Se Acaso Você Chegasse”, “Mulata Assanhada”, “Malandro”, “Salve a Mocidade” e se tornar a primeira mulher a defender um samba-enredo na avenida, Elza se reinventou e tomou para si músicas de uma nova geração de compositores, ficando conhecida como “A Mulher do Fim do Mundo”.
O último disco lançado foi “Planeta Fome”, em 2019, e já está previsto para 2023, “No Tempo da Intolerância”, um disco “político e feminista”, nas palavras de Elza Soares, com novas canções inéditas que ela deixou gravadas.
Outra perda sentida foi a de Gal Costa. Aos 77 anos, a cantora de voz de cristal sofreu um infarto dias após se submeter a uma cirurgia para a retirada de um nódulo no nariz. A partida de Gal pegou o Brasil de surpresa e levou às lágrimas seus companheiros de geração, Caetano Veloso, Gil e Bethânia.
No mesmo dia de Gal, o país sofreu com a partida de Rolando Boldrin, aos 86 anos. Pesquisador incansável da música brasileira, Rolando foi cantor, compositor, ator e apresentador, e ficou muito conhecido graças ao trabalho exercido no programa “Senhor Brasil”, que resgatava a memória da música brasileira.
Em novembro, o Tremendão Erasmo Carlos voltou a fazer o país chorar. Aos 81 anos, um dos compositores mais gravados de todos os tempos partiu levando seu rock e suas canções românticas que seguem tocando corações.
Mas o ano também foi de comemorações para Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Milton Nascimento, que completaram oito décadas de vida. Outro momento emocionante foi a despedida de Milton dos palcos, para um Mineirão lotado que cantou, junto com ele, sucessos como “Coração de Estudante”, “Para Lennon e McCartney”, “Clube da Esquina”, “Paula e Bebeto”, e tantos outros, lembrando que, quem é de Minas Gerais, também é do mundo.
E, em 2023, será a vez da banda Skank se despedir dos palcos. Assim como no caso de Milton, a despedida ocorrerá no palco do Mineirão, no dia 26 de março, e quem ficou atento já garantiu seu ingresso para este momento mágico.
Que em 2023, a música siga tocando nossos corações, lembrando que a vida é passageira, mas que haverá sempre um acorde inspirado para deixa-la mais bonita.