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Relembre sucessos de Raul Seixas, Benito Di Paula e Wanderléa

Cantor e compositor baiano criou versão para o tango ‘Cambalache’, lançado pelo mito argentino Carlos Gardel

Em 1987, Raul Seixas gravou a sua versão do clássico ‘Cambalache’, lançado por Carlos Gardel, ícone do tango mundial

Uma das últimas canções gravadas pelo mito argentino Carlos Gardel foi o tango “Cambalache”, de autoria de Enrique Santos Discépolo, e que ganhou regravações de Caetano Veloso, Angela Ro Ro e Gilberto Gil. Com amargura e ironia, a letra narra desventuras da Humanidade, e demonstra pouca esperança em um futuro próximo.

Captando esse espírito cheio de revolta e rebeldia, o roqueiro Raul Seixas compôs uma versão para esse tango em 1987, e repetiu o sucesso em seu relançamento. “Cambalache” é uma daquelas canções que parecem sempre atuais, o que explica o número de regravações...

“Minha Superstar” (balada, 1981) – Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Uma tragédia marcou a vida de Erasmo Carlos, quando a ex-mulher Narinha, que sofria de depressão, cometeu suicídio, em 1995, aos 49 anos. Os dois estavam separados desde 1991. Mas quando eles ainda eram casados, Erasmo dedicou todo um disco à esposa, lançado em 1981, em que apareciam juntos na capa, com o cantor nos braços de Narinha. Entre as canções de maior sucesso do disco está a balada “Minha Superstar”, de Erasmo e Roberto Carlos. Na letra, o compositor apaixonado descreve a esposa: “Ela é minha superstar/ Mulher de brilho farto/ Que eu sempre hei de ver brilhar/ No palco do meu quarto”. Um sucesso atemporal, e que ainda embala os casais românticos.

“Prova de Fogo” (rock, 1967) – Erasmo Carlos

Mineira de Governador Valadares, criada no Rio de Janeiro, Wanderléa já era a grande vedete da Jovem Guarda, movimento que incluiu a juventude no cenário da canção nacional, quando, em 1966, lançou o seu quarto LP, “A Ternura de Wanderléa”, que fazia referência ao apelido que ela ganhou comandando um programa de TV ao lado de Roberto Carlos e Erasmo Carlos na TV Record: “Ternurinha”. Habituada a gravar versões de sucessos para rocks norte-americanos, a cantora apostou numa música do amigo Erasmo Carlos e se deu bem. Em 1967, o rock “Prova de Fogo” invadiu as rádios de todo o Brasil, e se tornou um dos grandes sucessos da carreira de Wanderléa...

“Assobiar ou Chupar Cana” (samba, 1977) – Benito Di Paula

Benito Di Paula sempre foi um personagem único na música brasileira, tanto que seu estilo ficou conhecido como “samba-joia”, devido à inovação no uso do piano como parte do gênero mais tradicional do país. Se a crítica torcia o nariz, o público sempre acolheu Benito, e ele se tornou um dos maiores vendedores de disco da sua geração. Depois de sucessos como “Retalhos de Cetim”, “Charlie Brown”, “Mulher Brasileira”, entre outros, o craque da canção resolveu provocar ninguém menos que o Rei Pelé, que investia na música em gravações com Elis Regina. “Assobiar ou Chupar Cana”, samba de 1977, lançado por Benito, questiona a presença de artistas de outras áreas no campo da música...

“Aventura” (balada, 1986) – Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes

A dupla de compositores formada por Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes é responsável por músicas impagáveis do repertório nacional, como “A Índia e o Traficante”, “Doméstica”, “Brega-Chique”, “Folia no Matagal”, “Chocante”, dentre outras, em que mesclavam um humor ácido e irônico a críticas sociais, com forte influência do Teatro Besteirol do qual Góes fez parte, ao lado de nomes como Vicente Pereira, Miguel Falabella e Mauro Rasi. Além da irreverência, a dupla também apostava no romantismo, como comprova a balada “Aventura”, lançada em 1986, um dos maiores sucessos da carreira de Eduardo Dussek. Com canto doce e suave, ele disseca meandros do encontro.

“Azul da Cor do Mar” (música soul, 1970) – Tim Maia

Tim Maia morava de favor no apartamento do cantor Fábio que, àquela altura, aproveitava o sucesso radiofônico enquanto se divertia, entre amigos, com duas garotas. Tim Maia, cabisbaixo em seu quarto, fitou a imagem de uma linda mulher num pôster, de biquíni numa praia. As duas situações o inspiraram a compor um dos maiores sucessos de toda sua carreira. “Azul da Cor do Mar” é uma autêntica dor-de-cotovelo, cantada com espírito soul e a potente voz rouca do artista. Lançada em 1970, alcançou rapidamente o topo das paradas de sucesso, ao lado de “Primavera”, também conhecida como “Vai Chuva”, outra que ganhou o vozeirão de Tim Maia, eterno síndico da música brasileira...

“Alma Gêmea” (balada, 1994) – Peninha

Aroldo Alves Sobrinho só é reconhecido quando chamado pelo nome que o consagrou. Cantor popular, compositor e instrumentista, Peninha nasceu em São Paulo e começou a carreira artística em 1972, com apenas 19 anos, ao gravar um compacto. O primeiro sucesso nacional veio em 1977, quando a música “Sonhos”, de Peninha, foi incluída na novela “Sem Lenço, Sem Documento”, da Rede Globo. Outro arrasa-quarteirão aconteceu em 1994. A balada “Alma Gêmea” foi gravada pelo cantor Fábio Jr. e chegou ao topo das paradas de sucessos. No mesmo ano, Peninha lançou a sua versão para o hit.

“O Xote das Meninas” (xote, 1953) – Luiz Gonzaga e Zé Dantas

Um tipo de cacto que não precisa de chuva para florescer, assim é o mandacaru, como explica o compositor Zé Dantas, autor do sucesso “O Xote das Meninas”, parceria com Luiz Gonzaga. Segundo ele, no sertão, quando o mandacaru floresce, é sinal que a trovoada se aproxima. Foi fazendo uma relação entre o período de fertilidade do cacto e o amadurecimento da menina que enjoa da boneca, que Zé Dantas e Luiz Gonzaga criaram um dos maiores clássicos da canção brasileira, regravado por Elba Ramalho, com direito a uma introdução do próprio Rei do Baião, que nasceu há 110 anos, sempre saudoso.

“Universo no Teu Corpo” (balada, 1970) – Taiguara

Filho do bandoneonista gaúcho Ubirajara Silva e da cantora uruguaia Olga Chalar, o cantor Taiguara nasceu em Montevidéu, no Uruguai, quando seus pais realizavam uma temporada de espetáculos pelo país sul-americano. Radicado no Brasil, Taiguara chegou a ser considerado o compositor mais censurado pela ditadura militar, com 68 canções proibidas. Em 1968, o músico venceu o Festival Universitário de MPB, com a canção “Helena, Helena, Helena”, e, no mesmo ano, levou o festival “Brasil Canta no Rio”, com “Modinha”. Outro sucesso estrondoso do compositor foi a comovente balada “Universo no Teu Corpo”, que, em 1970, refletia sobre política, amor e poesia...

“Teletema” (canção, 1970) – Antônio Adolfo e Tibério Gaspar

Em 1970, a cantora Regininha emplacou o seu maior hit, quando a música “Teletema”, de Tibério Gaspar e Antônio Adolfo, entrou para a trilha-sonora da novela “Véu de Noiva”, da Rede Globo. Posteriormente, a música recebeu regravações de Evinha, Erasmo Carlos e do Kid Abelha, na voz de Paula Toller. “Rumo/ Estrada turva/ Sou despedida/ Por entre/ Lenços brancos/ De partida/ Em cada curva/ Sem ter você/ Vou mais só”. Um clássico absoluto, a música ficou conhecida, sobretudo, na gravação de Evinha, e chegou ao topo da parada de sucessos, reforçando a sua beleza atemporal que toca corações.