Mais grave, mais agudo, mais eco, mais retorno, mais tudo! Polêmico, excessivo e irreverente, Tim Maia costumava subir ao palco exigindo sempre um pouco mais do som, da plateia, dos músicos, porque ele nunca estava satisfeito. O cantor, que chegou a pesar 140 quilos no final da vida, morreu em 1998, aos 55 anos, após sofrer um mal-estar durante uma apresentação no Teatro Municipal de Niterói.
Além do talento musical, Tim também foi pródigo em frases célebres, como: “Não bebo, não fumo e não cheiro, só minto um pouquinho de vez em quando”. Quando se converteu à seita Racional e cortou, de fato, as drogas, saiu-se com esta: “Em quatorze dias, perdi duas semanas”.
Nascido há 80 anos, Tim Maia foi criado no bairro da Tijuca, onde entregava as marmitas que sua mãe preparava para os futuros astros da Jovem Guarda, Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Com o Rei, a relação foi sempre tumultuada, entre afagos e confusões. E não foi muito diferente com outras pessoas que atravessaram a sua vida.
Em 1959, Tim emigrou para os Estados Unidos, e acabou preso por roubo e porte de drogas, contando com a ajuda de Tony Tornado para se livrar da cana dura. Mas a terra do Tio Sam também deu a Tim o contato com a música soul produzida pelos negros, que ele traria para o Brasil com um balanço todo seu, influenciando nomes como Cassiano, Hyldon, Lady Zu e Sandra de Sá.
Logo, as canções na voz poderosa e encorpada de Tim Maia invadiram os bailes e as rádios de todo o país, alçando-o ao posto de um dos maiores cantores da história do Brasil, como determinou a Revista Rolling Stone.
Tim gravou, com Nelson Gonçalves, a clássica “Renúncia”, e emplacou sucessos atemporais, como “Não Quero Dinheiro”, “Gostava Tanto de Você”, “Azul da Cor do Mar”, “Do Leme ao Pontal”, “Sossego”, “Chocolate”, “Primavera”, “Acenda o Farol”, e muitas outras, transitando entre a dor de cotovelo dos amores desfeitos e a alegria esfuziante de canções cheias de esperança.
Homenageado na música “W/Brasil”, de Jorge Benjor, como o Síndico da música brasileira, Tim Maia também cantou com Elis Regina e Gal Costa, e teve suas composições regravadas por Marisa Monte, Lulu Santos e Ivete Sangalo, em registros indispensáveis para os amantes da canção popular. O legado de Tim é imenso e inestimável como seu talento. Não há nada parecido com Tim Maia na música brasileira, pois, quando ele chega, acende o farol.