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Médica é encontrada morta pela filha autista e suspeitos são moradores de rua que ela ajudava

A filha da médica que ia à padaria autorizou a entrada de um morador em situação de rua, que ia ao local buscar comida com frequência; quando ela voltou encontrou a mãe com uma blusa enrolada no pescoço

Uma médica, de 81 anos, foi encontrada morta com uma blusa enrolada no pescoço pela filha autista, de 44 anos, nessa segunda-feira (30), no bairro Bom Retiro, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Os suspeitos são moradores em situação de rua que Delma Saud Salles costumava ajudar.

Na manhã dessa segunda, um taxista, de 64 anos, que costumava buscar a médica para levá-la para o trabalho foi até o apartamento em que ela mora. Enquanto aguardava a idosa na portaria, a filha dela apareceu na janela e acenou pedindo para ele subir. No momento que o taxista entrou no apartamento, ele encontrou a vítima caída de bruços no chão da cozinha com uma blusa enrolada em volta do pescoço.

A filha da médica, que é autista, contou que por volta das 6h da manhã daquele dia um usuário de drogas que sempre ia ao local pedir dinheiro e comida foi até a residência. Ela então abriu a porta e deixou o homem entrar. Em seguida, ela saiu para comprar pão em uma padaria que fica próxima ao apartamento.

Quando voltou para o imóvel, ela encontrou a mãe sozinha caída na cozinha. À polícia, ela contou como o homem era fisicamente e deu detalhes sobre a roupa que ele usava.

A polícia localizou uma mochila e uma blusa de moletom verdes jogados no jardim da fachada do prédio. Os policiais então montaram uma força-tarefa para tentar localizar o suspeito. Após receber informações, os militares encontraram uma mulher, de 40 anos, que usava uma blusa de frio branca com gotas de sangue e estava com arranhões espalhados pelo corpo.

A perícia da Polícia Civil fotografou as marcas e apreendeu a blusa. A mochila verde, que foi encontrada, era da mulher, conforme registraram imagens de câmeras de segurança.

Depoimento

Em relato à polícia, a suspeita disse que sempre ia à casa da vítima para buscar dinheiro e comida. E, por volta das 5h, foi à residência da médica que teria lhe dado R$ 5 e uma rosca. Depois, ela foi para sua casa, mas disse que viu a filha dela saindo para ir à padaria e um homem entrando no local.

A suspeita disse ainda que conhece o homem e que viu ele correndo pela rua algum tempo depois. No entanto, conforme a polícia, as imagens mostram ambos passando correndo no cruzamento da rua do Carmo com Doutor Ludovice, diferente do que ela havia contato.

Em seguida, a polícia realizou buscas em locais que frequentadores de drogas costumam ficar, onde localizou o suspeito, de 42 anos. No bolso da frente da bermuda dele, a PM encontrou o celular da vítima, além de um relógio, que foi confirmado pela filha da médica que pertencia a ela.

Durante as buscas no local, policiais localizaram debaixo de um sofá que o suspeito estava sentado uma blusa de frio, que ele estava usando no momento do crime, com alguns objetos roubados.

Conforme registro policial, o autor não parava de chorar no momento em que a ocorrência estava sendo redigida. “Agora é tarde”, disse o suspeito.

Além da Polícia Civil e PM, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também compareceu ao local para constatar a morte da mulher.

A PM ainda não sabe se o nome do suspeito é o que ele informou, já que ele possui dois registros no Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). O caso está em investigação.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.
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