Até mesmo quem não entende muito de champagne já deve ter ouvido esse nome. Muitos dizem que ele criou o champagne, outros conhecem pelo famoso rótulo que é comum em baladas luxuosas e grandes adegas.
Mas a história real por trás desse monge e dessa marca, que talvez muitos não saibam, é muito interessante. Por esse motivo, escolhi compartilhar por aqui com vocês, de forma resumida, aproveitando que esse ano eu tive a honra de visitar a Maison em Hautvillers e a
Dom Pérignon foi um monge dedicado e detalhista, chef de cave na região de Champagne, quando lá se fazia apenas vinhos tranquilos. Pasmem, ele era uma das muitas pessoas que tentava impedir a formação gasosa nos vinhos. Quando as borbulhas surgiram, elas foram consideradas um erro.
A região produzia vinhos há muito tempo, porém no inverno, com as baixas temperaturas, as leveduras adormeciam. Quando chegava a primavera e esquentava, elas acordavam vorazes. E geravam mais gases do que deveriam - plop! Explodia tudo. Na época isso foi considerado um caos, uma maldição nas caves, várias teorias, para resumir. Até resolverem experimentar o tal vinho com gases. E não é que era bom.
Pierre Pérignon foi muito importante para evoluções na produção do champagne posteriormente, com muitos estudos sobre o terroir e o aprimoramento da técnica de blends, as misturas de vinhos base. Mas não podemos dizer, como muitas lendas por aí, que ele foi o “pai do champagne”.
Não há um “criador” do espumante, mas sim quem começou a produzi-lo propositalmente e comercializá-lo. E muitos dos registros apontam para uma região que antecedeu a França, os ingleses. Eles tinham os melhores vidros para suportar a pressão do gás carbônico engarrafado, o que era um grande desafio, pois muitas garrafas na região de Champagne e em muitas outras, explodiam e todo o líquido precioso era perdido. Ou seja, foram necessários muito estudo e descobertas primordiais para que tivéssemos essas borbulhas engarrafadas como temos hoje.
E no início desse ano tive a honra de ser convidada pelo maior grupo de luxo do mundo, LVMH, proprietário da Maison que homenageia o monge, para uma visita especial.
Começamos a manhã na belíssima e pacata Abadia de Hautvillers. Era um dia lindo e gelado. Marie Filomene nos conduziu pelas histórias incríveis que aquele lugar presenciou, e durante nosso papo, um raio de sol penetrou linear sobre o túmulo de Dom Pérignon, que ali repousa. Foi um momento mágico e especial.
Seguimos para um passeio nos jardins, e na sequência, é claro, a degustação.
Thierry preparou para nós uma gama dos rótulos ícones da casa. Experimentamos as safras 2010, 2013, o grande P2 nas safras 2003 e 2004 e o Rosé 2009.
Dom Pérignon é um rótulo da Maison Moet & Chandon, e é produzido apenas em safras excepcionais com uvas provenientes dos mais renomados vilarejos de Champagne. O rótulo P2 é uma edição que fica por mais tempo nas caves, cerca de 15 a 17 anos repousando sobre as lias. Além dele, a casa possui o P3, que fica aproximadamente 20 anos em cave antes de seu dégorgement e posterior lançamento.
É inegável o potencial de guarda de qualquer garrafa de Dom Pérignon. Para mim, é o vintage que melhor envelhece e mantém seu frescor, acidez e vivacidade. Não é à toa seu prestígio e fama.
Foi um dia singular e inesquecível.
Imperdível experimentar esse champagne. Recomendo minha safra mais recente predileta da Maison: 2010.
Santé, amigos!
Degustação em Hautvillers das safras 2010, 2013 e P2 2004