Os donos da escola infantil Pequiá, Eduardo Mori Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira, presos em junho, foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo na última segunda-feira (17), por supostas torturas praticadas contra alunos da escola que fica localizada na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo. A promotora do caso, Gabriela Belloni, cita existência de ao menos dez vítimas.
Gabriela ainda solicitou que a prisão temporária de ambos seja convertida em preventiva, com instauração de inquérito policial suplementar para apurar a eventual participação ou omissão de funcionários da escola.
Ainda segundo o Ministério Público, o casal contou com o apoio de duas subordinadas adolescentes para punir as crianças que não ingeriam o alimento dado, choravam muito ou não se comportavam da forma considerada como adequada.
A promotora ainda reforça que os alunos eram levados a uma sala escura, sem janelas ou com janelas fechadas, onde eram mantidas de castigo por longos períodos sem comer, beber água ou ir ao banheiro, e com a porta de entrada fechada.
“Algumas crianças choravam muito e pediam para sair ou, cansadas de ficar em pé, acabavam dormindo com as cabeças encostadas na parede, exaustas”, diz a promotora na denuncia.
Ainda de acordo com Gabriela Belloni, os denunciados muitas vezes gritavam e eram agressivos com as crianças, repreendendo-as de forma ríspida. Outro castigo utilizado pelo grupo criminoso era amarrar a criança em um poste no pátio da escola, com as próprias roupas, obrigando-a a permanecer por horas naquela posição. Ao menos inicialmente, a promotoria apontou a existência de dez vítimas.
Os proprietários da escola poderão responder por crimes de tortura em caráter continuado e com concurso de pessoas.
Relembre o caso
Os donos da Escola Infantil Pequiá foram denunciados por uma ex-funcionária, de 18 anos, que trabalhou no local por dois meses, e registrou imagens de maus-tratos nas crianças que frequentavam a escola.
No início de junho esses vídeos e imagens circularam pelas redes sociais dos donos humilhando crianças entre 1 e 2 anos com gritos e xingamentos. Em uma das cenas, um menino aparece amarrado com a própria blusa a uma pilastra por ter feito xixi na roupa. Segundo a polícia, 13 mães prestaram depoimento.
Segundo a policiais do 6º DP, na última semana foram colhidas todas as provas e indícios para tentar qualificar o crime como tortura, por submeter criança em situação vexatória.