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Moradores reclamam da falta de aviso de blocos de Carnaval nas ruas de São Paulo; festas geraram transtorno nos bairros

Eles alegam que desfiles causaram transtornos que poderiam ter sido evitados

Morados se queixam de falta de comunicação sobre blocos em áreas residenciais

Moradores de áreas residenciais de bairros de São Paulo, como Ipiranga, na zona sul, e Butantã, na zona oeste, reclamam que não foram avisados sobre a passagem de blocos de carnaval por suas ruas. Eles alegam que os desfiles causaram transtornos que poderiam ter sido evitados se a comunicação fosse realizada com antecedência.

No Ipiranga, por exemplo, a queixa é de que em apenas algumas ruas do bairro foram colocadas faixas com avisos sobre a passagem de blocos. Já no Butantã, moradores relatam que só ficaram sabendo sobre os desfiles quando árvores começaram a ser cortadas e parte dos buracos das ruas, tapados.

Para o carnaval de 2023, a Prefeitura de São Paulo vetou o cadastro de novos blocos nas subprefeituras Sé, Pinheiros, Lapa e Vila Mariana, que concentram mais da metade dos desfiles da cidade — alguns com centenas de milhares de foliões. Somadas, as subprefeituras Sé (121 desfiles), Pinheiros (74), Lapa (47) e Vila Mariana (32) representam 53,6% da programação de todo o carnaval.

Na sequência, as mais visadas neste ano são Butantã (24), Santana (21), Freguesia do Ó (18) e Ipiranga (18). A restrição, aliada à busca por circuitos menos aglomerados, fez que as agremiações procurassem outros distritos do entorno do centro expandido, como Butantã, Ipiranga e Santana (zona norte). Isso acabou levando os blocos para mais áreas residenciais da cidade. Ao todo serão oito dias de folia na capital paulista, contando o pré e o pós-carnaval no próximo fim de semana.

No Butantã, moradores das ruas Estevão Lopes e Gaspar Moreira reclamaram da passagem do bloco Carnavrah, no sábado (18). “Tenho um cachorro epilético e filho pequeno. Gostaria de ter sido avisada para poder tirar pelo menos meu carro da garagem”, diz a psicóloga Anna Carolina Dias Kolhy, que mora numa casa na Gaspar Moreira há 26 anos.

A desconfiança dos moradores de que havia algo diferente no bairro começou na sexta-feira (17), com árvores sendo cortadas e a chegada de funcionários da prefeitura para tapar buracos. “Eles fizeram isso, de podar as árvores, porque o trio elétrico teria problemas para passar. A rua está com buracos há muito tempo, mas vieram tapar por causa de blocos? Dá uma sensação de desrespeito com a vizinhança”, diz Adriana Magalhães, cantora lírica que vive numa casa na Estevão Lopes há 50 anos.

“Aqui é uma rua de família. Colocaram todos os banheiros químicos na frente da nossa casa. Meus pais são idosos e têm Alzheimer. Às 8h30, na hora em que começaram a fechar a rua, eu corri para tirar o carro”, diz Adriana. “Ninguém é contra o carnaval. Existem bloquinhos, como o da Poli (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), que desfilam aqui já faz tempo, mas nós sempre soubemos. E também são menores, sem trio elétrico.”

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras, informa que usou o mapa dos trajetos para definir a infraestrutura necessária para os desfiles programados pelos blocos. A administração afirma que o plano de ação do carnaval de rua envolveu reuniões de planejamento com as 32 subprefeituras do município e que os trajetos definidos pelos blocos, com a Secretaria Municipal da Cultura, foram validados pela administração municipal com órgãos de segurança viária, como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana.

O órgão explica, ainda, que todos os trajetos passaram por ações de zeladoria, como podas e remoção de árvores, tapa-buraco, revisão nas calçadas e outras situações que poderiam atrapalhar o fluxo de foliões durante o carnaval.

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