Foi um adeus quase à maneira perfeita como queria dona Maria José, torcedora-símbolo do Sport, falecida neste domingo (10), aos 98 anos. Personificação do espírito rubro-negro, a mais eloquente torcedora pernambucana foi velada na manhã desta segunda-feira (11), no salão principal da Ilha do Retiro, como ela desejava, com o caixão coberto com uma bandeira do clube do coração. O presidente rubro-negro, Yuri Romão, prometeu uma estátua para a torcedora que de tão grande virou ídola do Sport.
Faltou, entretanto, a multidão que dona Maria desejava. Se não foram centenas ou milhares, os que estiveram presentes prestaram, cada um ao seu modo, a sua homenagem à torcedora. Capitão da equipe, o zagueiro Rafael Thyere, por exemplo, fez-se presente de maneira espontânea. Ficou em meio à torcida, em silêncio quebrado apenas no tradicional “cazá-cazá" ou para cantar o hino do clube. Optou por não falar com a imprensa.
Estiveram presentes no velório seguido por uma missa de corpo presente, também, torcedores do Náutico e do Santa Cruz, bem acolhidos pelos rubro-negros. Familiares, dirigentes, ex-dirigentes, como ex-presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) Fred Oliveira, também estiveram no local do adeus, que terminou com corpo de dona Maria sendo levado pelo Corpo de Bombeiros, como ela desejava, até o cemitério Santo Amaro, onde aconteceu o sepultamento.
O presidente Yuri Romão relembrou a trajetória de dona Maria José e a importância dela para a história do clube.
“Foi uma das maiores torcedoras do Brasil. Uma torcedora que rompeu várias barreiras ao longo da sua trajetória, por ser mulher. Estamos falando dos anos 1960. Uma mulher no estádio não era comum. E uma mulher negra, uma barreira que ela conseguiu transpor. Basta dizer que estamos em 2023 e até hoje precisamos colocar uma placa no campo para dizer que racismo é crime, imagine nos anos 1960?”, começou por dizer.
“Sem falar, falo como torcedor, de vê-la aqui na Ilha e antes e pós-jogo sempre à frente da orquestra de frevo irradiando alegria, trazendo a torcida com ela para comemorar alguma vitória. Tudo isso tem uma representatividade muito grande para o futebol pernambucano. Ela era tão gigante que transcendia os muros da Ilha, haja vista as homenagens que recebemos de outros clubes neste momento de tristeza e, ao mesmo tempo, o sentimento de gratidão por ter uma pessoa tão fiel e apaixonada com o Sport”, complementou Romão.
Estátua na llha
Segundo o mandatário rubro-negro, o clube agora busca um artista para fazer uma estátua para dona Maria José na Ilha do Retiro. Yuri Romão explicou que já há uma decisão do Conselho Deliberativo (CD) para avançar com a homenagem.
“Hoje de manhã, já estava conversando com algumas pessoas, e fui surpreendido porque há uma decisão do CD com cerca de 10 anos de já ter essa estátua. E vamos fazer, vamos em busca de um artista que possa retratar uma torcedora tão importante como foi dona Maria”, pontuou.
