O presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, declarou em depoimento na CPI das Apostas, nesta terça-feira (30), que o Náutico teria sido “sacaneado por apostadores” durante a Série B do ano passado. Pivô da denúncia que deu início à Operação Penalidade Máxima, que investiga a manipulação de resultados no futebol brasileiro, o mandatário goiano citou um jogo do clube pernambucano com a Chapecoense no ano passado.
“Tenho certeza de que (o Náutico) foi sacaneado por apostadores. Desafio qualquer um dos senhores deputados, e eu não posso ser incoerente e injusto, mas não posso deixar de falar que o pênalti que aconteceu em Chapecoense e Náutico tem de ser objeto de análise dessa casa”, disse.
Ele pediu que a CPI investigasse o jogo que salvou a Chapecoense do rebaixamento. Nesta altura, o Timbu já estava rebaixado à Série C, mas a equipe catarinense precisava da vitória naquela 37ª rodada da Série B, em 29 de outubro de 2022.
Procurado, o presidente do Náutico, Diógenes Braga, afirmou que não iria comentar o caso, mas que o clube está atento aos desdobramentos da investigação e buscando ao máximo contribuir com a Operação Penalidade Máxima.
Jogo vem sendo alvo de imbróglio jurídico
Este jogo apontado por Hugo Bravo, inclusive, vem sendo alvo de suspeitas do Náutico desde o ano passado. De acordo com Kuki, auxiliar-técnico e ídolo alvirrubro, a penalidade a que Hugo Bravo se refere teria sido, de fato, cometida propositalmente para que o resultado fosse manipulado.
“Naquele jogo da Chapecoense, não teve um homem dentro do vestiário para pegar o contêiner e jogar em cima dele e dizer que ele era um lixo. É só você olhar o jogo da Chapecoense o que ele fez. Ele puxa o cara e joga-o para dentro. Vergonhoso. Eu liguei para Nei Pandolfo [executivo de futebol do Náutico] e disse: ‘tira agora para desmoralizar’. Quase tive um treco, eu tremia no sofá”, afirmou o auxiliar-técnico do clube na ocasião.
A seguir, em 9 de março deste ano, o zagueiro ingressou com um pedido de indenização por danos e materiais morais através da 2ª Unidade Jurisdicional Cível - 4º JD da Comarca de Belo Horizonte. No total, o atleta cobra um prejuízo de R$ 55 mil a Kuki.
Procurado novamente para comentar as declarações de Hugo Bravo, Arthur Henrique afirmou que espera que CPI o investigue mesmo para que ele possa provar que é inocente. Vale ressaltar que, apesar de uma série de investigações a partir do Ministério Público de Goiás (MPGO) nada foi apontado contra o jogador.
“Meus advogados já estão analisando aqui processar o presidente do Vila Nova. Eles não podem sair citando nomes de pessoas que não estão envolvidas por livre e espontânea vontade. Estão acusando sem provas”, lamentou, mais uma vez.
Arthur Henrique afirma que, em razão das falsas acusações, está sem conseguir trabalhar. “Não fiz o pênalti de propósito, eu não tive nenhuma proposta para fazer o pênalti. Tanto que se eu tivesse alguma proposta, alguma coisa, todo mundo ia ficar sabendo disso depois dessa Operação Penalidade Máxima do Ministério Público de Goiás. Iriam achar alguma coisa em relação a mim e não é o caso”, afirmou o jogador, em entrevista recente. Abaixo, o lance alvo da polêmica.
Como consequência da acusação sofrida, o zagueiro afirma que tem perdido oportunidades de trabalho. Propostas do futebol da Armênia, da Arábia, da Portuguesa-SP, do Santo André-SP e do Campinense-PB chegaram e foram por água abaixo, segundo ele, em razão do temor dos clubes em relação ao seu falso envolvimento com manipulação de resultados.