Executivo defende uso do gramado sintético e dispara: ‘Era tudo com dinheiro público’

Sérgio Schildt destaca e celebra que o modelo de negócio do futebol brasileiro está mudando

Gramado sintético da Arena MRV, em Belo Horizonte

A opção de alguns clube pelo uso do gramado sintético em seus estádios e arenas ainda é motivo de discussão no país. Enquanto Atlético, Palmeiras, Athletico-PR, Chapecoense e Grêmio optam pelo piso artificial, outros como o Flamengo levantam bandeira contra tal opção e tentam a proibição do recurso utilizado desde 2016, quando o “Furacão” se tornou precursor em solo brasileiro.

Segundo Sérgio Schildt, CEO da Recoma, empresa especializada em pisos esportivos, “a indústria vive numa busca permanente para atingir o ‘estado da arte’, em termos da oferta da infraestrutura esportiva”. A intenção é que o gramado sintético seja cada vez mais parecido com o natural. Além disso, ele aponta que questões políticas interferem diretamente nesta nova realidade.

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“A nossa realidade é um de futebol que está sendo desmamado do dinheiro público. Graças a Deus, o modelo de negócio de futebol, dos estádios, está sendo mudado. Até bem pouco tempo atrás, era tudo financiado com dinheiro público. Se gastava o dinheiro da população, de quem gosta e de quem não gosta de futebol, para pagar os absurdos de trocar os gramados três, quatro, cinco vezes por ano”, destaca o executivo.

“O Maracanã hoje é financiado pela concessão do Flamengo, que ganhou o estádio sem pagar por ele. Uma coisa é Atlético, Palmeiras e Grêmio, clubes nos quais alguém teve que pagar pelo estádio, e outra é Flamengo que recebeu em concessão. Não restou conta de juros para pagar a construção. O Flamengo paga a manutenção e, num momento esportivo espetacular do clube, que põe 65, 70 mil espectadores, ainda divide a conta com o Fluminense. São dois para financiar o uso de um estádio que não precisa hoje de muito mais para conseguir financiar sua operação”, acrescenta.

Gramado natural é caro

Além disso, o executivo destaca o alto custo para se manter um gramado natural de alto nível. Para ele, outro ponto a favor do sintético.

“Para a sustentabilidade financeira, não há nada mais caro que um gramado natural no estado da arte. Ele custa absurdamente mais que um gramado sintético. O próprio Bap (Luiz Eduardo Baptista), presidente do Flamengo, reconhece isso, que o clube gasta R$ 30 milhões para manter o gramado. Quantos times no Brasil têm o orçamento que Flamengo e Fluminense têm juntos para administrar o Maracanã, cedido nem nenhum custo, apenas a manutenção? Ao contrário do Atlético, por exemplo, que tem que financiar sua construção”, inicia.

“Sem dinheiro público, os estádios não podem mais ficar à mercê de apenas um jogo por semana. Quando você joga uma rodada em casa e outra fora, é um jogo por semana. São 150 minutos de uso para bancar a conta de um gigante. Esta conta não fecha. Você precisa de outros eventos para fechá-la. Para isso, somente com um gramado sintético que permite você fazer uma final hoje e um show amanhã, ou vice-versa. Só assim para financiar o estádio com o próprio recurso que ele gera e não mais com o dinheiro público”, finaliza.

Henrique André é repórter multimídia e setorista do Atlético na Itatiaia. Acumula passagens por Uol Esporte, Jornal Hoje em Dia e outros veículos. Participou da cobertura de grandes eventos, como Copas do Mundo (2014-18), Olimpíada (2016-2021) e Mundial de Clubes (2025).

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