Atacante do Cuiabá, Deyverson ergueu o punho cerrado momentos antes do início da partida contra o Cruzeiro na noite desta segunda-feira (22) na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, pela sétima rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
O gesto, símbolo do movimento antirracista, foi feito pelo jogador um dia depois de um caso de racismo contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, em jogo pelo Campeonato Espanhol. Nas redes sociais, Deyverson desejou forças a Vini Jr. após o episódio.
Deyverson, de 32 anos, atuou no futebol espanhol entre 2015 e 2017 e de 2020 a 2021. Ele jogou no Levante, no Deportivo Alavés e no Getafe.
“O Vini Jr. passou por um momento complicado na Espanha, muita força para ele. Que Deus abençoe ele, guarde ele, guarde o coração dele. Está fazendo um grande campeonato lá fora pelo Real Madrid, é um cara que tenho grande carinho. Que ele possa passar por esse momento complicado, que no mundo não tinha que existir racismo, racismo é uma coisa muito feia. Tanto pela cor, tanto por outras coisas, não tem que existir o racismo. Então, muita força ao Vinícius Júnior”, disse, em entrevista ao SporTV.
Ídolo do Atlético e com passagem pelo Cruzeiro, o ex-atacante Reinaldo fez um pedido nesta segunda: para os jogadores comemorarem gols com o punho cerrado. O jogador, que atuou entre 1973 e 1988, comemorava os gols desta forma.
“Estou me sentindo frustrado, revoltado com o que estão fazendo com o Vinícius Júnior. Não podemos ficar de braços cruzados diante do racismo. Vocês conhecem a minha luta. Faço um apelo a todos os atletas, independentemente do clube que joga, da cor da pele, do partido político ou da nacionalidade. Comemore o gol com o punho cerrado. É uma demonstração de combate ao racismo. Vini Jr., estamos com você", disse Reinaldo.
Racismo contra Vini Jr.
Foi possível ouvir os gritos de “Mono” (macaco, em espanhol) por parte da torcida do Valencia. O árbitro conversou com oficiais da organização da partida e o jogo foi interrompido.
O sistema de som do estádio anunciou a paralisação do duelo devido ao comportamento dos fãs do Valencia e pediu que a torcida desse fim às “manifestações racistas”. Houve um novo aviso até que, depois de cerca de oito minutos, a partida foi retomada, com Vini Jr em campo.
A partir das repetidas demonstrações racistas, o jogo ficou nervoso. Vini Jr. foi provocado pelo goleiro geórgio Giorgi Mamardashvili, que foi punido com o cartão amarelo. Os jogadores trocaram empurrões no campo.
No fim do confronto, porém, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso nos acréscimos.
O problema envolvendo a torcida espanhola não é novidade.
Vinícius responde
“Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhois que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, completou.
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