Fernando Diniz chega à Toca da Raposa II tentando seguir os passos de Zezé Moreira, treinador que tem seu nome marcado na história do Fluminense e do Cruzeiro por ter levado ambos os clubes a grandes conquistas internacionais.
Dos chamados 12 grandes clubes brasileiros, dez já tinham vencido a Copa Libertadores até o ano passado, mas o Tricolor das Laranjeiras, assim como seu rival Botafogo, não integrava essa lista.
Mas Fernando Diniz conduziu o clube ao fim do jejum, comandando o Fluminense na conquista do principal título do futebol sul-americano numa final em jogo único diante do Boca Juniors, da Argentina, num Maracanã lotado em 4 de novembro do ano passado. No início deste ano, ele venceu também a Recopa, superando a LDU, do Equador, na final.
Substituto de Fernando Seabra, Diniz tem como primeiro desafio na sua trajetória celeste buscar o inédito, para ele e o Cruzeiro, título da Copa Sul-Americana. Essa conquista aumentaria ainda mais a galeria celeste, que já conta com duas taças da Libertadores e da Supercopa e uma da Recopa, Copa Master e Copa Ouro, todos eles torneios promovidos pela Conmebol.
Alcançando o objetivo, Fernando Diniz ajudará a encerrar mais um jejum internacional, não tão significativo como o do Fluminense, mas que já incomoda o torcedor cruzeirense, que não vê seu clube vencer uma competição da Conmebol há 25 anos.
A última conquista foi a Recopa Sul-Americana de 1998, mas que só foi disputada no ano seguinte e assegurada pelo Cruzeiro em 23 de setembro de 1999, com uma goleada de 3 a 0 sobre o River Plate, no Monumental de Núñez.
A Conmebol não tinha conseguido patrocinadores em 1998 para a disputa relativa à temporada de 1997, quando os celestes venceram a Libertadores, e os millonarios a última edição da Supercopa, que foi extinta no ano seguinte.
Assim, os dois jogos entre Cruzeiro e River Plate pelo Grupo A da primeira fase da Copa Mercosul valeram também o título da Recopa Sul-Americana de 1998. Antes dos 3 a 0 no Monumental de Núñez, a Raposa já tinha feito 2 a 0 nos argentinos no Mineirão.
Copa Rio
Zezé Moreira é um dos grandes treinadores da história do futebol brasileiro, tendo inclusive comandado a Seleção na Copa do Mundo de 1954, na Suíça. Mas dois anos antes ele já brilhava intensamente, não só no comando da equipe Canarinho, mas também do Fluminense.
Em abril de 1952, Zezé Moreira dirigiu o Brasil na primeira conquista da Seleção Principal no exterior, o Campeonato Pan-Americano, que foi disputado no Chile. O título foi assegurado com um 3 a 0 sobre os donos da casa, no Estádio Nacional, em Santiago, com gols de Ademir Menezes (2) e Pinga.
Menos de quatro meses depois, ele levava o Fluminense, de forma invicta, à conquista da Copa Rio, competição autorizada pela Fifa e sob responsabilidade da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), mas que não tem caráter oficial, pois não é reconhecida pela entidade máxima.
De toda forma, a conquista é uma das mais importantes da história tricolor, pois o clube teve um dos seus melhores times no início dos anos 1950, com nomes como Castilho, Píndaro, Pinheiro, Bigode, Telê Santana, Didi e Orlando.
Zezé Moreira é o treinador que mais dirigiu o Fluminense em toda a história, com 482 partidas, entre 1951 e 1973.
Depois de 24 anos, com Zezé Moreira, que nasceu em 23 de outubro de 1907, já um veterano treinador, que beirava as sete décadas de vida, ele comandou outro esquadrão e fez história no Cruzeiro.
Com uma equipe que tinha nomes como Raul, Nelinho, Piazza, Zé Carlos, Roberto Batata, Palhinha, Jairzinho e Joãozinho, ele ganhou o maior título oficial da sua carreira, a Copa Libertadores de 1976.
Antes, apenas o Santos, de Pelé, em 1962 e 1963, tinha vencido entre os clubes brasileiros o torneio, que teve a primeira edição em 1960. Era a maior conquista da história do futebol mineiro, que colocou o nome de Zezé Moreira definitivamente na galeria dos maiores treinadores cruzeirenses.