Representantes de Cruzeiro e América, e de outros oito clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, estiveram reunidos nesta sexta-feira (15) com o presidente interino da CBF, José Perdiz de Jesus, na sede da entidade, no Rio. Ele afirmou no encontro que a organização das competições para 2024 não vai parar durante a intervenção.
A Itatiaia apurou que a reunião já estava previamente agendada para esta sexta com Ednaldo Rodrigues, que foi afastado do comando da CBF em 7 de dezembro. Perdiz decidiu mantê-la como uma maneira de manter contato com clubes e tranquilizá-los nesse momento de transição. Ele terá que marcar nova eleição até o dia 25 de novembro, segundo determinação do Tribunal de Justiça do Rio.
Uma das preocupações apresentadas pelos clubes foi sobre o período de registro de jogadores, a chamada janela de transferências, que abre em 11 de janeiro. Provavelmente a CBF ainda não terá a nova diretoria executiva eleita nesta data, e havia temor de que o departamento de registro pudesse não estar funcionando ativamente, ou que a Fifa pudesse travar negociações por casa da intervenção. Perdiz disse que tudo seguirá normalmente e que receberá representantes da Fifa e da Conmebol em janeiro.
Os dez clubes que foram à Barra da Tijuca fazem parte da Liga União Forte, bloco formado por 25 associações que negociam juntas os direitos comerciais e de transmissão de futuros campeonatos, principalmente do Brasileirão. Os dez clubes que tiveram diretores na reunião com Perdiz foram:
- Cruzeiro
- América
- Atlético-GO
- Avaí
- CSA
- Athletico-PR
- Ceará
- Fortaleza
- Inter
- Cuiabá
“Hoje levei uma mensagem de tranquilidade e transparência aos clubes. Essa tem sido a minha mensagem a todos. Tenho recebido representantes de clubes de várias séries e também de federações. Tenho conversado com profissionais da CBF de todas as áreas que fazem essa entidade funcionar, levando a todos a clareza da minha missão aqui, como presidente em exercício. O importante é que a CBF siga funcionando normalmente, sem prejuízo em todas as suas áreas, desde as competições, passando pelas diversas Seleções Brasileiras, masculina e feminina, seus pagamentos e outras atribuições”, disse Perdiz.
Participaram também da reunião três diretores colocados por Perdiz para o período de transição: Fernando Cabral, Pedro Capanema e Maurício Fonseca. Cabral é auditor do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), entidade que Perdiz preside. Capanema é especialista na área do direito trabalhista e vai cuidar da diretoria de projetos e Fonseca, auditor da STJD, vai auxiliar no departamento financeiro.
Perdiz preferiu não mexer em algumas áreas da CBF. Julio Avellar, diretor de competições, se mantém no trabalho, e participou da reunião com os clubes, junto de Ênio Gualberto, diretor de registros, e de Regina Sampaio, gerente jurídica, todos oriundos da gestão anterior.
Entenda a intervenção na CBF
O processo que causou o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF em 7 de dezembro está ativo desde 2018, por iniciativa do Ministério Público do Rio de Janeiro, ainda referente à eleição de Rogério Caboclo, antecessor de Ednaldo.
O MP questiona o estatuto da confederação por estar em desacordo com a Lei Pelé porque prevê pesos diferentes para clubes nas votações para a escolha dos presidentes. Os dirigentes das 27 federações estaduais têm peso 3 na votação, contra peso 2 dos 20 clubes da Série A e peso 1 dos 20 da B.
A Justiça anulou em 2021 a eleição de Rogério Caboclo e determinou uma intervenção na CBF, nomeando Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), como os interventores. Essa decisão foi cassada pouco tempo depois.
A CBF e o Ministério Público fizeram um acordo extrajudicial e assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O estatuto mudou e os pesos nos votos dos times das séries A e B ficaram iguais. Na nova eleição, em 2022, Ednaldo Rodrigues, que estava como presidente interino, foi eleito para um mandato completo de quatro anos, até março de 2026.
Gustavo Feijó, que era vice na época de Caboclo, acionou a 2ª instância. O pedido era que o TAC fosse anulado, e Ednaldo afastado, alegando que o juiz de 1ª instância não tinha atribuição para homologar o documento. Foi isso que foi acatado em 7 de dezembro pelo TJ-RJ.