Presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves concedeu entrevista ao programa CNN Esportes S/A neste domingo (9), na CNN Brasil, e se mostrou preocupado com a demora por um consenso em relação à formação da liga brasileira de futebol.
O Corinthians integra a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) e diz que já cedeu, juntamente com o Flamengo, para que outros clubes aceitem as condições para a formação da nova organização que regerá os campeonatos nacionais de futebol a partir de 2025.
Na visão da maioria dos clubes, Corinthians e Flamengo são os responsáveis pela demora na formação da liga, uma vez que não abrem mão de ganhar muito mais.
“Corinthians e Flamengo estão se esforçando muito. Corinthians e Flamengo são os times que mais estão cedendo nesse período de negociação. Estão dispostos a abrir mão para o bem do futebol. Não vejo os dois como responsáveis. O ótimo é inimigo do bom. Temos que dar um passo de cada vez. Os clubes querem que fique tudo perfeito, um mundo dos sonhos, mas isso vai acontecer com o tempo. Se você colocar Corinthians e Flamengo, os dois estariam ganhando menos no começo. O que a gente exige é que a gente não ganhe menos do que ganhamos hoje. Isso foi colocado como garantia para todos os clubes também. O objetivo é ninguém ganhar menos. Todos estão ganhando, mas Corinthians e Flamengo estão estacionados. Isso já mostra muito a boa vontade dos dois”, argumentou Duilio Monteiro Alves.
“O Flamengo sendo campeão do Brasileirão, nos dias atuais, teria uma diferença de 30 vezes do que ganharia o último colocado. Nas novas divisões, não passaria de 3,5 vezes. Mesmo assim, existe a discussão de que essa distância tem que ser menor. É o ótimo sendo inimigo do bom. Não vamos estar todos 100% satisfeitos. Ninguém vai estar. Todo mundo vai abrir mão de alguma coisa. Vai ser um gosto amargo para todos, mas isso vai melhorar muito lá na frente. Corinthians e Flamengo estão abrindo mão de algumas coisas e todos os outros estão tendo que aceitar algumas coisas. É impossível ela nascer com todos 100% satisfeitos”, disse.
Cruzeiro, Vasco, Botafogo e Coritiba
Na última quinta-feira,
Os quatro clubes informam que formam agora um grupo unificado para firmar um contrato separado com o fundo de investimentos Serengeti e com a gestora de investimentos Life Capital Partners (LCP) - essas são as mesmas empresas que foram captadas para investir na (LFF).
O objetivo agora é convidar clubes que estão fechados com a LFF ou com a LIBRA para o movimento. “Convidamos todos os clubes a deixarem de lado as divergências históricas e trazerem suas melhores ideias para o centro conosco, em apoio aos princípios de evolução do futebol brasileiro”.
Duilio viu esse movimento de Cruzeiro, Botafogo, Vasco e Coritiba com preocupação. “O Corinthians nunca foi o problema. O Corinthians sempre brigou pela sua posição, pelo seu tamanho, pelos seus direitos, mas nunca foi problema em relação à liga. Sempre foi um conciliador, sempre foi um clube que abriu mão e que faz de tudo para juntar os clubes. Mas tudo tem limite. Está na hora da gente resolver. Já temos clubes entre os dois grupos. Com o tempo a gente vai perdendo força. Ou a gente evolui ou o Corinthians vai ter que tomar o seu caminho. Precisamos pensar na receita, pensar no futuro”.
“Eu já achei que o acordo estava mais próximo. Alguns clubes dão a impressão de que não querem que evolua. Mas é algo necessário. Todos têm necessidade de caixa, todos querem melhorar o produto. Agora tem muita vaidade, tem muita pressão de torcida ou dos conselhos de alguns clubes”, concluiu o presidente do Corinthians.
Libra
A Libra, formada por 15 clubes, defende um período de transição da seguinte forma: 40% das receitas igualitárias, 30% por performance e 30% por engajamento. Depois do período de cinco anos, os percentuais ficariam: 45% de maneira igualitária, 30% por performance e 25% por engajamento.
Liga Forte Futebol do Brasil
A LFF atualmente é formada por 25 clubes: ABC, Athletico-PR, Atlético, América, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.
Esse bloco propõe que a diferença máxima entre o clube que mais recebe e o que menos recebe seja de 3,5x desde o princípio, sem um período de transição. No modelo final, essa diferença seria de 1,4x. Os blocos de repasse seriam os mesmos da Libra:
45% da arrecadação dividia igualmente;
30% conforme a performance da equipe;
25% baseado em audiência
Na simulação de divisões da LFF, o Flamengo (1º faturamento) faturaria R$ 225,46 milhões, enquanto o América (20º faturamento) receberia R$ 116,03 milhões – considerando os times da Série A – o que corresponde a 1,4x menos.
A longo prazo, a ideia da LFF é se aproximar de ligas já estabelecidas e mais igualitárias, sempre citando a Premier League. Isso porque o futebol inglês, desde a unificação em uma liga no começo dos anos 1990, trabalha com menor distanciamento entre as arrecadações – a proporção atual está em 1,5x.
Como é a divisão de times por blocos
Libra: Bahia, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória.
LFF: ABC, Athletico, Atlético, América, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.
Independentes: Botafogo, Cruzeiro, Vasco e Coritiba
CNN Esportes S/A
Esta foi a sexta edição do CNN Esportes S/A. O programa que vai ao ar todos os domingos, às 20h45, fala sobre um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais lucrativos do mundo: o futebol.
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