Um ano após ser motivo de críticas feitas por Ronaldo, sócio-majoritário da SAF do Cruzeiro, o gramado do estádio Pedro Alves do Nascimento, em Patrocínio, voltou a ser notícia negativa. Desta vez, o estado da grama causou revolta na diretoria do Atlético. Nessa quarta-feira (24), o Alvinegro foi derrotado pelo Patrocinense, por 2 a 1, e ameaçou tirar os titulares da competição, caso a Federação Mineira de Futebol (FMF) não seja mais rígida com a situação dos “campos do interior”.
No intervalo do duelo, válido pela primeira rodada do Campeonato Mineiro, o técnico Luiz Felipe Scolari esbravejou e se referiu ao palco do jogo como “pasto”. Após o apito final, foi a vez do atacante Paulinho soltar o verbo. Artilheiro do Galo em 2023, ele definiu o estado do gramado como “uma merda”. O atacante, inclusive, repetiu o termo várias vezes. O goleiro Everson e o volante Edenilson também reclamaram das condições oferecidas aos atletas da falta de poda da grama.
Nesta quinta-feira (25), a Itatiaia entrou em contato com David Lins, consultor técnico, que em 2023 fez visita ao estádio. Segundo ele, o gramado do Pedro Alves do Nascimento já não apresentava condições ideias para prática do futebol profissional àquela época.
“Trabalho neste seguimento há mais de 20 anos. Em 2023, fizemos algumas recomendações da troca do gramado do estádio do Patrocinense. Foi constatado um piso muito duro, com jogabilidade muito complicada e com risco de lesões dos atletas. Por pior das hipóteses, deveriam ter feito uma descompactação, um nivelamento com areia e uma poda mais drástica em relação à altura do gramado”, contou à reportagem.
Presidente do Patrocinense alfineta Atlético
Para Ronaldo Corrêa, presidente da Águia, a reclamação dos atleticanos se trata de um artifício para amenizar o revés no primeiro jogo do atual campeão mineiro em 2024.
“A derrota sempre é debitada em alguma coisa. Eles (Atlético) acharam o gramado. Porque a arbitragem, nós vimos que não beneficiou nosso time. Não vi em lugar nenhum algo que determinasse altura do gramado, e o nosso está no limite. Nos esforçamos ao máximo, mas choveu todos os dias. Se jogássemos futsal, teríamos um controle um pouco maior”, disse o mandatário do Patrocinense.
“Jogamos dos dois lados. Se fosse esporte de praia, colocaríamos areia na nossa parte e brita do lado adversário. Aí acho que a vitória seria muito injusta. Até que venha determinação da Fifa, Conmebol ou CBF, sobre o tamanho da grama, não faz sentido culpar gramado. Encontramos campos melhores que o nosso e piores também no mundo inteiro”, foi além.
Federação Mineira se posiciona
Procurada pela reportagem, a Federação Mineira de Futebol também se posicionou sobre a situação. Diretor de Competições, Leonardo Barbosa destacou que, ainda na semana passada, a entidade fez vistoria no estádio.
Segundo ele, o nivelamento do gramado e as condições da grama foram aprovados, faltando apenas o corte. Cabe destacar que, este último passo, é normalmente realizado no dia dos confrontos e fica sob responsabilidade dos mandantes.
Em relação à altura do gramado do estádio em Patrocínio, ele pondera que não existe nenhuma regulamentação de “tamanho padrão”, estabelecida para a competição.
Alvo do Cruzeiro em 2023
Em 21 de janeiro do ano passado, quem reclamou bastante da situação do gramado foi Ronaldo, sócio-majoritário do Cruzeiro. Mesmo com a vitória por 2 a 1, na primeira rodada do Mineiro, ele fez live para se posicionar.
“O Cruzeiro estreou no Mineiro contra o Patrocinense e ganhamos de 2 a 1. Primeiro jogo do ano, aquela dificuldade normal, mas um campo muito ruim, um gramado muito pesado. Vamos tocar nesse assunto bastante para a gente mostrar uma diferença que não serviu para os nossos apelos no passado para a FMF sobre gramado”, afirmou.
Ainda de acordo com Ronaldo, a Raposa prestigia a competição colocando os melhores jogadores do elenco em campo, mas a Federação não fiscaliza bem os palcos dos jogos pelo Mineiro.
“Uma competição que a gente prestigia com os nossos melhores jogadores, a nossa intenção é essa, porque o Cruzeiro tem que vencer em qualquer competição. Mas não é prioridade fazer as coisas direito na FMF. O gramado, para quem via na TV, poderia parecer que estava bom. Na transmissão do SporTV, o Fábio Júnior, que jogou na Europa e sabe a diferença de uma grama fina, de inverno, sabe que é bem diferente dessa que presenciamos. Engraçado que peço a minha equipe para mandar fotos do gramado antes dos jogos, para entender o tipo de gramado. É uma grama de jardim. Eles fizeram um campo que, na TV, tava tudo verdinho, mas era um gramado alto, pesado, com grama de jardim”, foi além.
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