A caravana de Juiz de Fora volta de Buenos Aires celebrando o título inédito da Copa Libertadores conquistado no sábado (30), sobre o Atlético. Quem esteve no Mâs Monumental tem muita história para contar.
Afinal de contas, a cidade do tango, do alfajor, da rivalidade Boca Juniors e River Plate, foi o ponto de encontro de uma invasão alvinegra sem precedentes. Atleticanos e botafoguenses se mobilizaram para viver o momento histórico de encontrar a Glória Eterna.
Como a Itatiaia contou, dois ônibus com mais de 100 torcedores da Fogoró chegaram lá, depois de quatro dias na estrada entre Juiz de Fora e Buenos Aires. Nesta segunda (2), os ônibus passavam por São Paulo. A previsão é de fazer uma parada na madrugada de terça-feira (3) no Estádio Nilton Santos e depois percorrer o trecho final até Juiz de Fora.
Um dos torcedores da caravana é Manfrini Lucas. Ele contou os bastidores da viagem, o calor e o local inusitado que os botafoguenses usaram para se refrescar.
“Encarei a missão de sair de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro, do Rio de Janeiro, Buenos Aires. Nesse percurso a gente sofreu algumas falhas técnicas no ônibus, como o ar-condicionado, tivemos algumas paradas para o almoço, o banho e claro chegando em Buenos Aires a gente teve um pequeno encontro com a torcida rival. Mas sem problemas. Quando chegamos em Buenos Aires, estava um calor de aproximadamente 40 graus e foi preciso tomar banho no meio da rua, o que pra mim não foi nenhum problema, foi uma história pra contar. Dentro do estádio, aquela emoção, conhecer o estádio novo, viver uma nova experiência”.
Rola a bola, um choque e a voz some
Durante a partida, a emoção tomou conta das duas torcidas, ainda mais a do Botafogo, que teve o juiz-forano Gregore expulso aos 40 segundos de jogo. “Olha, o coração quase parou. No primeiro minuto, a gente perdeu o Gregore, uma peça importante para o nosso time. Ali a voz calou, o hino não queria mais sair”.
A situação mudou quando, mesmo com um a menos, o Botafogo abriu e, pouco depois, ampliou o placar. “Quando teve o primeiro gol, do Luiz Henrique, eu garanto: eu cantei ‘Te apoiarei até o final’ com muito orgulho. Quando o Luiz Henrique sofreu a falta que se tornou o pênalti. Ali foi emoção, o Alex Telles foi lá e converteu”
Gol do Atlético: ‘Comecei a clamar a Deus’
No entanto, na volta do intervalo, Manfrini Lucas contou que quase viu a “glória eterna” não futebolística com o Vargas diminuindo o placar.
“Ali meu filho, fui de arrasta para cima. Joguei meu joelho no chão, no meio do estádio, comecei a clamar a Deus, a espiritualidade e falei ‘eu vim aqui para essa taça e é com ela que eu vou voltar’.
Eu nasci Botafogo, eu fui escolhido
Gols desperdiçados de Vargas, o tempo passando, substituições dos dois lados. Sete minutos de acréscimo e nos derradeiros momentos, Manfrini Lucas garante que sentiu o significado do slogan do torneio, graças ao jogador que foi o destaque do Botafogo no início turbulento e no final apoteótico da campanha vitoriosa.
“Finalzinho, Junior Santos, o nosso Jacaré, foi lá e mandou para dentro o gol, 3 a 1 para o Botafogo. Ali eu vi toda a glória eterna. Sem sombra de dúvida, tive a certeza de que nasci botafoguense. Eu fui escolhido”.
Título garantido não significa fim de festa. Manfrini e os botafoguenses seguem na torcida para que o time levante a segunda taça - a do Brasileirão. Na quarta (4) enfrenta o Internacional, que saiu da disputa ao perder para o Flamengo no domingo (1º). Se o Alvinegro ganhar e o Palmeiras perder pontos para o Cruzeiro, termina o campeonato. Caso a diferença se mantenha em 3 pontos, a decisão será no domingo (8), no Nilton Santos contra o São Paulo. E a quem possa interessar, Manfrini Lucas estará lá, na arquibancada pronto para viver mais um capítulo desta história gloriosa conduzida por uma estrela solidária que brilha mais forte que nunca.